A história de vida da senhora Maria Teresa Perez Pretel Aragon, aqui conhecida por D. Teresa Aragon, que amanhã, 7 de novembro, completa 100 anos de idade, é digna de reverência e muitos aplausos. Sem nunca ter ido à escola, ela a escreveu às custas de muito trabalho, dedicação, amor e fé.
Filha dos espanhóis Antonio Perez Carrascoza e Victoria Pretel Lopez, que vieram com os filhos para o Brasil, Teresa chegou ao porto de Santos com pouco mais de seis anos de idade. Ela contou ao O Imparcial que a família saiu da Espanha devido à guerra que assolava o país na época. O destino era o Brasil, onde já moravam alguns espanhóis amigos e também familiares, que também haviam deixado sua terra natal em decorrência da guerra. No entanto, o navio em que embarcaram não conseguiu chegar ao destino final, o Brasil, e foi obrigado a parar na África, onde residiram por cinco anos. Naquele continente, Antonio e Victória tiveram mais dois filhos, completando a família que, no dia 8 de julho de 1.927, desembarcou no porto de Santos, formada pelos pais, um menino, Antonio, e três meninas, Maria Teresa, Ana e Victória.
Prestes a se tornar centenária, D. Teresa é dona de uma memória invejável, lembra-se de detalhes de sua vida, relatando-os com uma precisão que impressionou a reportagem deste semanário
“Quando chegamos no Brasil fomos morar em Jaú, onde meu pai tinha amigos que vieram antes. Ele trabalhou como ‘colono’ em uma fazenda na lida do café. Sempre ajudei em tudo em casa, desde pequena, assim como meus irmãos; o mais velho ajudava meu pai na roça. Minha mãe era costureira e com ela aprendi a costurar e cozinhar. Naquela época, nossa diversão eram os bailes nas fazendas e, em um deles, conheci o Miguel, com quem me casei, aos 19 anos. Meu marido tinha parentes em Monte Alto e, por isso, viemos para cá. No início da nossa vida aqui moramos na fazenda dos Pagnan, onde o Miguel era agricultor, só depois viemos para a cidade e ele trabalhava como mecânico ajustador. Tivemos oito filhos, quatro faleceram e quatro viveram: José Carlos (in menorian), Maria Inês, Antonio Luiz e Miguel José. Ficamos casados por mais de 35 anos, mas nos separamos, e mesmo separados, sempre cuidei do pai dos meus filhos. Eu já fiz de tudo nesta vida, o trabalho nunca me assustou: ajudei na roça de café, plantei e colhi algodão, limpei, cozinhei, lavei, passei, empalhei cadeiras, e nunca recusei trabalho”, conta D. Teresa, que com seu talento para a cozinha, tornou-se uma das boleiras mais famosas da cidade, profissão que exerceu por mais de 50 anos, além de ser também muito solicitada para cozinhar em casas de família aos finais de semana e feriados, assim como para festas em clubes de serviço.
Católica e devota de Nossa Senhora, sempre agradeceu a Deus o dom de sua vida e de sua família dedicando-se ao trabalho na cozinha das quermesses da cidade. “Cheguei a ficar o mês todo em Aparecida na época da festa da Montesina, conta a exímia cozinheira e boleira. Bolos?… minha nossa! Não saberia dizer quantos bolos fiz em minha vida, só sei que foram muitos: para festas, aniversários, casamentos… aqueles bolos lindos, enfeitados com rosas coloridas e muito delicadas, bolos de andar que usava muito nas festas de casamento. Com meu trabalho, ajudei a criar meus filhos e a sustentar minha casa”, lembra D. Teresa com muito orgulho.
A filha, Maria Inês, que acompanhou a conversa do Imparcial com a protagonista desta matéria, contou que a mãe não toma nenhum remédio além de vitaminas. Todos os dias, com alegria e gratidão, ela costura belas toalhas, panos de prato, faz tapetes de retalho, entre outros trabalhos manuais. Se este é o segredo da longevidade, D. Teresa é um verdadeiro exemplo. Parabéns e muitas felicidades à centenária aniversariante!
Dona Teresa, ladeada pelos filhos Maria Inês e Toninho, exibe com orgulho o símbolo de seus 100 anos de vida
Um dos bolos que D. Teresa se orgulha de ter feito para a festa de casamento de Jurandir Fini Filho ‘Didi” e Rosana Buzinaro: talento