Excesso de trabalho, estresse, rotinas turbulentas. Todos estes fatores, quando somados, resultam, em alguns casos, no Burnout.
Em entrevista concedida ao O Imparcial, a terapeutae também colunista do semanário, Dr.ª Luciene Rebonato, dá mais detalhes acerca da doença, que tem se tornado corriqueira na vida de milhares de pessoas em todo o mundo.
O Imparcial – O que é o Burnout?
Luciene Rebonato – A Síndrome de Burnout é um distúrbio causado pelo aumento anormal do estresse relacionado ao trabalho. Por definição da própria OMS, o Burnout é única e exclusivamente uma síndrome ligada ao ambiente e às questões do trabalho.
O Imparcial – Como é possível identificá-la?
Luciene Rebonato – A Síndrome de Burnout compreende os seguintes sintomas: cansaço mental e físico excessivos; insônia; dificuldade de concentração; perda de apetite; irritabilidade e agressividade; lapsos de memória; baixa autoestima; desânimo e apatia; dores de cabeça e no corpo; negatividade constante; sentimentos de derrota, de fracasso e de insegurança; isolamento social; pressão alta; tristeza excessiva.
A presença de alguns destes sintomas em alguns dias – esporadicamente – pode acontecer com qualquer pessoa e não caracteriza a síndrome propriamente dita. O que nos leva a desconfiar deste diagnóstico é com qual frequência e com qual intensidade estes sinais aparecem no ambiente relacionado ao trabalho, além dos prejuízos gerais que isto pode trazer para a vida de cada indivíduo.
O Imparcial – É comum em alguma faixa etária específica?
Luciene Rebonato – Como este transtorno está relacionado ao ambiente de trabalho, diz respeito a jovens e adultos que já estejam no mercado, independente da função. Por exemplo, um estagiário também pode desenvolver a síndrome. Ou seja, você não irá encontrar Burnout em crianças, por exemplo.
O Imparcial – Quais as principais razões pelas quais o indivíduo sofre desta síndrome?
Luciene Rebonato – A razão é uma única: excessos. Excesso de trabalho, excesso de estresse, excesso de desgaste. Tudo isto dentro da função do trabalho da pessoa ou ligado a uma tarefa específica deste trabalho que possa estar exigindo um nível de dedicação demasiado.
O Imparcial – Como ela afeta o desempenho da pessoa, tanto no âmbito pessoal quanto no profissional?
Luciene Rebonato – Como passamos grande parte do nosso tempo no trabalho, seja ele presencial ou online, não há como isto não se refletir na vida pessoal e nos relacionamentos. No âmbito profissional, a síndrome acarreta uma série de sintomas e problemas que atrapalham ou até impedem a pessoa de desenvolver sua função.
O Imparcial – É possível traçar um cenário de como esta síndrome pode vir a evoluir e afetar ainda mais o ser humano no futuro?
Luciene Rebonato – Sim, pois o Burnout pode levar ao desenvolvimento de outros quadros associados como ansiedade e depressão além de piorar drasticamente a qualidade de vida e ser gatilho para o desenvolvimento de sintomas físicos e até possíveis doenças, também. Quanto menos cuidarmos de nossa saúde mental, mais comum será o aparecimento – e agravamento – de síndromes como o Burnout.
O Imparcial – Em meio a um mundo tão rápido, instantâneo, com uma demanda exaustiva de trabalho, vida social tumultuada, problemas de saúde, tecnologia, onde e como o Burnout se enquadra em tudo isso?
Luciene Rebonato – Todas estas questões da vida moderna são gatilhos poderosos para o desenvolvimento do Burnout. Funcionamos em um ritmo além do que seria saudável, estamos conectados o tempo todo, somos bombardeados por informações e estímulos e isto não é diferente no ambiente de trabalho. Aliando tudo isto a um ambiente estressor ou ao próprio excesso e acúmulo de funções, temos um campo fértil para o surgimento dos sintomas que podem ser parte desta síndrome.
O Imparcial – Como podemos evitar desenvolver esta síndrome?
Luciene Rebonato – A forma mais efetiva de se evitar o Burnout é ter noção da sua função profissional, do seu limite em relação ao trabalho e da qualidade do ambiente que te cerca, criando estratégias que diminuem o estresse e a pressão no trabalho.
Atividades e atitudes saudáveis podem evitar o desenvolvimento da doença, assim como ajudam a tratar os sinais e sintomas iniciais. Ter atenção e conhecimento do seu próprio funcionamento, sentimentos e comportamentos também é muito importante pois ajuda a identificar sinais de alerta.
Algumas ações podem ajudá-lo a prevenir a síndrome (conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS): defina pequenos objetivos na vida profissional e pessoal; participe de atividades de lazer com amigos e familiares; faça atividades que fujam à rotina diária, como passear, comer em restaurante ou ir ao cinema; evite o contato com pessoas negativas, especialmente aquelas que reclamam do trabalho ou dos outros; converse com alguém de confiança sobre o que está sentindo; faça atividades físicas regulares; evite consumo de bebidas alcoólicas, tabaco ou outras drogas.
Na dúvida ou ao notar que estes sinais estão aparecendo com muita frequência e intensidade, PROCURE AJUDA!