O isolamento social é uma realidade em muitos países devido à Pandemia do Novo Coronavírus. Para lidar com esta situação é preciso cuidar da saúde mental também. “Estamos sendo atacados por um vírus que não conseguimos ao menos enxergar. O nosso maior inimigo no momento nem dá as caras para se apresentar formalmente. Ele está invisível por aí, contaminando mais e mais pessoas ao redor do mundo todo”, destaca a psicóloga Andreza Capelane de Souza Lima. “E como entender o sentido do que está acontecendo? Nós, seres humanos, somos movidos por sentidos, como já dizia Friedrich Nietzsche e Viktor Frankl. Quando compreendemos o sentido de algo que está acontecendo conosco, fica mais fácil lidar com isso e passar por qualquer processo. Por mais que seja difícil e as preocupações tomam conta de todos, é um isolamento em benefício da nossa própria saúde particular e também em benefício da saúde coletiva. Compreender esse sentido legítimo torna mais fácil compreender e lidar com esse processo”, acrescenta.
Por meio do WhatsApp, O Imparcial conversou com a profissional que respondeu a questionamentos ligados à saúde mental. Confira:
Jornal O Imparcial: Que atividades uma pessoa pode fazer em casa para deixar a sua saúde mental em dia durante o isolamento social?
Andreza: Filtre as notícias: não podemos ficar reféns das notícias que chegam, é necessário filtrar, principalmente o que recebemos em redes sociais, busque veículos de informações confiáveis; estabelecer uma nova rotina é a estratégia mais eficaz para lidar com o momento e manter a mente ativa e positiva; ficar sem fazer nada, pode gerar tristeza e ansiedade. É importante estar com a mente ocupada; e estando em casa, é possível escolher sua rotina. Para quem está conseguindo trabalhar de casa, crie horários de início e fim de expediente, para estabelecer metas diárias; as tarefas domésticas também precisam de um tempo específico; manter o contato social, mesmo a distância, não se sinta sozinho, conecte-se, compartilhe seu dia e suas experiências, fale mais com as pessoas e saiba pedir ajuda; autocuidado: faça o que você gosta, escolha músicas, livros, séries, filmes… separe um tempo para meditar, relaxar, cozinhar algo especial. Mas tire a pressão sobre você. Nesse momento que vivemos, também é natural não ter motivação para fazer nada. Autocuidado é também respeitar seu tempo para processar o que está acontecendo à sua volta; atividade física: planeje um cronograma com alguns exercícios que podem ser feitos em casa. Quando começamos a usar mais o corpo e outras fontes de percepção, automaticamente podemos relaxar a parte cognitiva, algo importante para manter a calma; atividades manuais estimulantes, como artesanato e gastronomia, também são boas alternativas. O importante é tentar fazer coisas diferentes todos os dias e encontrar o que faz bem a você e alivia sua mente
Jornal O Imparcial: E para pessoa que já tem histórico de depressão? O que ela deve fazer?
Andreza: O isolamento social tem a capacidade de agravar possíveis sintomas. É importante que essas pessoas que tenham algum transtorno ou podem desencadear outros, que já conhecem algumas questões em relação à sua própria saúde mental, devem conversar com seus médicos e psicólogos sobre o que estão sentindo e buscar ajuda para potencializar o tratamento que já é realizado, seja psicoterápico ou medicamentoso. É importante que os familiares ou amigos de pessoas que já sofrem de algum transtorno mental tenham a sensibilidade em perceber que esses sintomas podem ser agravados por causa do isolamento. Sendo assim e necessário ter mais paciência com essas pessoas, ser mais solidário e mais presente, mesmo que virtualmente. O carinho, a atenção e o cuidado são fundamentais nesse momento, essas atitudes funcionam como suporte a quem sofre com algum problema de saúde mental.
Jornal O Imparcial: Caso a quarentena se prolongue, os sintomas também não aumentarão?
Andreza: Sim; se até mesmo quem tem um quadro mental saudável pode ser afetado negativamente pela quarentena, pessoas com histórico de depressão e ansiedade devem redobrar os cuidados nesse período, já que os problemas poderão ser agravados com a falta de interação social. Busque ajuda de um profissional de saúde mental
Jornal O Imparcial: Como combater a falta do contato psicólogo/paciente diário?
Andreza: A interação clínica psicólogo-paciente é muito importante para estabelecer vinculo e iniciar ou continuar o processo psicodiagnóstico. Nesse momento onde o contato físico não é possível, somente em alguns casos com todas as medidas protetivas, cada profissional vai criando alternativas para tentar estar presente na vida do paciente. O importante é se fazer presente e não deixar o paciente se sentir abandonado.
Vamos tentar ver o lado positivo ou ao menos evitar pensamentos ruins nesse momento; são práticas fundamentais para enfrentar o isolamento de maneira saudável. O isolamento social não é para sempre, manter o pensamento positivo, tentando tirar o máximo de proveito desta situação são dicas importantes.
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