Por G1 Ribeirão Preto e Franca
A Polícia Civil investiga denúncias de discriminação e de suposta ameaça praticada por dois homens a uma criança autista, de 12 anos, vestida de super-herói na Praça Guilherme José Franco, em Taquaritinga (SP).
Leonardo Polesi conta que foi ameaçado por pais de outras crianças após ter uma crise. A vítima estava brincando no espaço, que fica no Parque Residencial, quando recebeu as ameaças na última semana, segundo a mãe. (veja abaixo)
Além dos homens, o garoto afirma que também foi surpreendido por uma mulher.
“Os dois pais vieram falar para mim: ‘Não mexe como meu filho senão eu te bato’. A mãe chegou para mim, muito brava: ‘Cadê os seus pais?”, relata Leonardo.
Polícia acionada
O caso ocorreu na noite de 18 de janeiro. Leonardo, que teve o autismo em grau leve diagnosticado aos 8 anos, estava com uma espada de plástico quando foi questionado por policiais militares (PMs) sobre o brinquedo.
“Eles falaram para mim: ‘Isso daí é de metal? Isso é de metal?”, lembra o menino.
Mãe de Leonardo, a advogada Gabriela Francine Soares também estava na praça e diz que os outros pais acionaram a PM em função do comportamento do filho.
“Eu estava a aproximadamente 10 metros dos brinquedos, sentada no banco por um bom tempo, e olhando para o meu filho a todo momento. Não percebi nada de errado. Ele me explicou por que falou na hora que era o demônio e assustou as crianças. Por nervosismo, depois de falar muitas vezes que era um samurai e não um Homem-Aranha [personagem vestido por Leonardo], ele disse isso. E isso desencadeou a crise”, lembra a advogada.
Gabriela diz já ter registrado um boletim de ocorrência.
‘A polícia busca bandido, e eu não sou bandido’
Ainda de acordo com a mãe, a criança não conseguiu relatar o ocorrido enquanto estava na praça. Isso só aconteceu quando ambos chegaram em casa. Agora, o que a advogada pede é Justiça.
“É muito revoltante, porque meu filho me questiona: ‘Mãe, mas a polícia busca bandido, e eu não sou bandido’. Ele não está conseguindo dormir direito. Fica agitado, e fala que está com medo o tempo todo”, lamenta Gabriela.
À EPTV, afiliada da TV Globo, o delegado de Polícia Civil em Taquaritinga, Claudemir Aparecido Pereira, informou que um inquérito já foi instaurado para apurar o caso.