Paleontólogo montealtense participa da descoberta do dinossauro Thanos

Carnívoro, da família dos abelissaurídeos, espécie viveu durante o período Cretáceo, há cerca de 85 milhões de anos

 

Arte: Deverson da Silva “Pepi”

O nome Thanos teve bastante destaque em 2018, por se tratar do vilão do filme “Vingadores – Guerra Infinita”, que ultrapassou a barreira de U$ 2 bilhões em bilheteria, tornando-se a quarta maior de todos os tempos. Agora, o nome ultrapassou as barreiras cinematográficas para ganhar o mundo dos dinossauros. Ele dá nome a uma nova espécie encontrada em um sítio paleontológico em Ibirá, cidade próxima a São José do Rio Preto. A descoberta contou com a participação do paleontólogo montealtense Fabiano Iori.
Em entrevista ao O Imparcial, Fabiano falou sobre o dinossauro, sua descoberta e o porquê do nome. Confira!

JORNAL O IMPARCIAL: Quais são as características do dinossauro “Thanos”? Onde ele teria habitado?
Fabiano Iori: Thanos simonattoi era um dinossauro carnívoro da família dos abelissaurídeos que viveu durante o Período Cretáceo há cerca de 85 milhões de anos. Como os demais membros da família, teria a postura bípede, membros anteriores bastante reduzidos, crânios ornamentados e dentes serrilhados. Thanos tinha cerca de seis metros de comprimento e dois de altura, seu peso era em torno de 600 quilos. Era um caçador e dentre suas presas estavam crocodilos, dinossauros menores entre outros animais.
O material fóssil foi encontrado no município de Ibirá, onde ocorre a Formação São José do Rio Preto, uma unidade geológica depositada em ambiente fluvial. Neste contexto já foram encontrados restos de dinossauros pescoçudos, megaraptores, crocodilos, tartarugas, entre outros animais. Porém Thanos foi a primeira espécie formalmente batizada.
JORNAL O IMPARCIAL: Como foi a descoberta?
Fabiano Iori: Conhece-se do espécime, até o momento, apenas o axis (2ª vértebra cervical) e a história de sua descoberta é bastante inusitada. No ano de 1995, a equipe do Museu de Paleontologia de Monte Alto, na época formada pelo saudoso Professor Toninho, Cledinei A. Francisco e por mim, passaram a “caçar” fósseis no município de Ibirá com a ajuda do sitiante Sérgio L. Simonatto. Numa dessas buscas, a equipe encontrou em uma parede rochosa apenas a ponta de um fóssil aparecendo, removeu uma parte ainda envolta na rocha e não conseguiu concluir a retirada devido à vegetação que atrapalhava o trabalho. Em 2012, o paleontólogo argentino Fernando Novas esteve em Monte Alto, viu o fóssil exposto na vitrine, se interessou pela peça e propôs, para mim, um estudo conjunto. A análise foi publicada em 2014, onde foi classificada como pertencente ao grupo dos abelissaurídeos. Eu pesquisava sistematicamente em Ibirá e, ainda em 2014, encontrei a outra parte da vértebra e juntei as peças depois de mais de 18 anos. Agora em 2018, o Museu de Monte Alto recebeu a visita do especialista em dinossauros carnívoros, Dr. Rafael Delcourt, que analisando a vértebra restaurada observou características únicas dentre os demais integrantes daquele grupo de dinossauros e me propôs desenvolver um estudo em parceria.

JORNAL O IMPARCIAL: Porque ele foi batizado de Thanos? Como é feita a escolha dos nomes?
Fabiano Iori: Em nossa análise constatamos se tratar de uma espécie inédita e cabe aos pesquisadores escolher o nome para ela. Rafael é fã de HQ e achou que o nome Thanos era uma boa escolha, pois Thanatos é um termo grego que significa morte e que também dá nome ao personagem da Marvel, Thanos. O dinossauro Thanos de certa forma era um vilão e dependia da morte de outros para poder sobreviver. A decisão de simonattoi foi com o intuito de homenagear o sitiante Sérgio Simonatto por sua colaboração com o Museu de Monte Alto na década de 1990.

JORNAL O IMPARCIAL: Por que o fóssil está sendo apresentado em Uchoa?
Fabiano Iori: Desde 2016, tenho trabalhado em Uchoa, onde criamos o Museu de Paleontologia “Pedro Candolo” e estamos estudando os fósseis daquela região. O intuito é buscar recriar os cenários pretéritos com a paleofauna local como fizemos em Monte Alto. Para isso, trabalhamos com os fósseis da coleção do Museu de Uchoa e também materiais daquela região que estão em outras instituições. Coletei dezenas de fósseis em Ibirá e tombei em Monte Alto e agora estou estudando-os com mais afinco. O fóssil de Thanos foi um destes.
Ele foi apresentado no último dia 5 de dezembro no Museu de Uchoa e antes do Natal estará novamente em Monte Alto. A ideia de apresentá-lo primeiramente em sua região de ocorrência tem o intuito de valorizar a paleontologia local e fazer com que os moradores de Ibirá e Uchoa se orgulhem de Thanos, assim como nós montealtenses deveríamos ter orgulho de Montealtosuchus, Morrinhosuchus, Barreirosuchus, Caipirasuchus, Aeolosaurus, Yuraramirim, etc…

 

 

 

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