Por Olhar Digital
O golpe financeiro em alta no momento é o chamado “pig butchering”, ou “o abate do porco” em português. Nele os golpistas buscam vítimas por meio das redes sociais e se apresentam como parceiros ou amigos que a vítima nunca conversou como pretexto para falar de investimentos.
O golpe está sendo aplicado por WhatsApp e outras redes sociais com uma abordagem inicial que o golpista informa que conhece a vítima de algum lugar e de alguma forma ele tem o contato dela salvo em seu celular. A mensagem pode ser “olá, tenho você nos meus números de contato, parece que nos conhecemos em algum lugar” ou até mesmo fazendo parecer que a mensagem foi um erro “oh, desculpe, eu me enganei”. O golpe também é comum no Tinder.
De acordo com Luis Orellana, especialista da PDI (Polícia de Investigações do Chile) em entrevista à BBC esse é um novo tipo de golpe que usa as mesmas características de golpes românticos aplicados nas redes sociais.
“A metodologia é nova, mas usa as mesmas características dos golpes amorosos”, diz Orellana. “A diferença deste delito é o tempo dedicado pelos criminosos para ‘engordar’ a vítima antes de ‘abatê-la’ quando conseguem o investimento. É principalmente relacionado a investimentos com criptomoedas ou moedas virtuais”.
O especialista explica que os golpistas querem tornar as conversas algo verdadeiro e começam a falar sobre diversos assuntos rotineiros. Com essa manipulação as vítimas passam a confiar naquele que parece ser “o apoio que você estava procurando”.
Com a confiança da vítima, os criminosos não pedem o dinheiro, ao invés disso apresentam a vítima a um aplicativo ou site de investimentos que ela se sentirá confortável em colocar seu dinheiro.
Segundo Orellana, os golpistas manipulam a vítima para que ela acredite nos benefícios e lucros que ela terá nos investimentos.
“Os criminosos dizem que querem ajudar as pessoas a oferecer uma vida melhor para suas famílias. Esse tipo de coisas faz com que elas caiam e invistam fortunas nas plataformas.”
Mas a verdade é que esses sites ou aplicativos são falsos e completamente controlados por criminosos. O especialista relata que no Chile muitas pessoas pessoas relataram que o problema dessas plataformas está na hora de retirar os lucros e não conseguem.
Grace Yuen, da Gaso, uma organização internacional que luta contra golpes desse tipo explicou a BBC que esses golpes estão geralmente relacionados a páginas de encontros.
“Mas nem todos os golpes são apenas românticos. Estamos vendo agora muitas vítimas que conheceram os criminosos no Instagram, Facebook ou LinkedIn —isso, para falar dos grandes, mas, na verdade, eles usam qualquer rede social”, diz Yuen.
De acordo com Yuen cerca de 80% das vítimas desse tipo de golpe possuem diploma universitário e incluem “todas as profissões: desde enfermeiras e advogados até especialistas em informática e engenheiros de telecomunicações. Todos são pessoas com alta formação, normalmente com 24 e até mais de 40 anos de idade. E agora estamos também observando vítimas mais idosas”.
Como se proteger
O FBI (Federal Bureau of Investigation) passou algumas dicas para se proteger do golpe. Confira a seguir:
- Nunca envie dinheiro, negocie, nem invista com base nos conselhos de alguém que você só conheceu na internet;
- Não comente sua situação financeira atual com pessoas desconhecidas e que não sejam de sua confiança;
- Não forneça seus dados bancários, números de documentos, cópias de documentos de identidade ou passaporte e nenhuma outra informação pessoal a ninguém online, nem a um website que você não saiba que é legítimo;
- Se um site de investimento ou comércio online promover benefícios aparentemente impossíveis, o mais provável é que eles sejam exatamente isso: impossíveis;
- Tenha cuidado com as pessoas que afirmem ter oportunidades de investimento exclusivas e insistam que você deve agir com rapidez.
Com informações de BBC