Com um sonho visível no imaginário de Porfírio Luís de Alcântara Pimentel, a cidade de Monte Alto surge em uma região montanhosa, em que tinha destaque no seu topo a Matriz do Senhor Bom Jesus juntamente a outras casas.
Mas o que não se recorda muito no próximo dia 15 de maio, data de aniversário da Cidade Sonho são as grandes matrizes, que geraram frutos para o desenvolvimento e urbanização da terra que antes parecia uma utopia.
A cidade de Monte Alto foi construída exatamente sobre o divisor de águas entre a bacia hidrográfica de Mogi Guaçu e a bacia do Turvo-Grande. A altitude média do local é de 735m, porém em outros pontos, ultrapassa 800m. Até o início do século XX, a população montealtense era formada majoritariamente por portugueses, assim como o fundador Porfírio Luís e a grande mobilização de migrações nordestinas, sobretudo a partir da década de 1950.
UM POUCO DA HISTÓRIA
Porfírio Pimentel era um farmacêutico, explorador de terras e religioso. Em setembro de 1879 perdeu alguns de seus pertences e mesmo com a ajuda oferecida pelos amigos para recuperar o que havia perdido, era um defensor da Divina Providência. Em uma noite sonhou que caminhava por uma região montanhosa, coberta por mata virgem, que depois se estendia num planalto extenso, local que encontrou um cafezal bem formado. Dessa forma, atravessou até que encontrou uma igreja parecida com a Pirapora. Porfírio despertou, contou à família sobre o sonho e manifestou o interesse em procurar a região do sonho. Ouviu diversas opiniões, que estavam cheias de desencorajamento.
A busca pela cidade deu-se início até o encontro de Porfírio com uma mata espessa, próxima à serra de Jaboticabal. Chegou ao alto e declarou que a terra se chamaria Bom Jesus da Pirapora de Monte Alto das três divisas. O desenvolvimento da cidade foi em torno primeiramente do café em favor do solo fértil da região.
AGRICULTURA
A preocupação por parte dos produtores rurais tem como objetivo central levar alimentos para as famílias a nível regional e nacional; mas esse papel vai muito além: O produtor rural e atual presidente do Sindicato Rural, Aparício Garbin, afirma que desde quando foi fundada, Monte Alto levava fortemente o café como fonte de cultivo principal. “Após o café, o algodão e o tomate também se tornaram muito fortes para a economia. Foram implantadas, então, várias indústrias de alimentos na cidade. Primeiro a CRAI, PEIXE, a CICA e hoje nós temos a Fugini e a Cepêra”, ressalta ele.
Alguns anos depois, primeiramente nos anos 50, o mamão entrou muito forte no município, que inclusive na época, chegou a nomear Monte Alto como a capital do mamão durante quase 20 anos. Posteriormente, nos anos 70 e 80, Monte Alto teve outro crescimento, só que dessa vez com a cebola. “Chegaram a ser plantados dois mil hectares nessa época. Teve uma reforma natural em Monte Alto, com pequenas propriedades agrícolas”, informa o produtor.
Ainda de acordo com um levantamento de informações por parte de Aparício, existe 1/3 das principais culturas de cultivo para a cana de açúcar, em torno de 12 mil hectares; 3 mil para a cultura da manga, 2.800 hectares para a cultura de citrus, a cebola com 1 mil hectares e outras culturas como tomate, milho, soja, amendoim, verduras, também pela proximidade com a cidade de Ribeirão Preto. “Monte Alto tem uma economia muito forte baseada na agricultura”.
A diversidade de culturas de cultivo juntamente aos agricultores e produtores rurais sempre trouxeram inovação para o ciclo da economia, com o que era mais relevante de acordo com as demandas de cada época. “Inovar as culturas com novas tecnologias, aumento de produtividade e fizemos investimentos junto a outras empresas de Monte Alto e região”.
A Assessoria Jurídica do Sindicato também reforçou a ideia da importância dessa aliança para a cidade. “O Sindicato é o “braço de apoio” do produtor rural de Monte Alto. Todos os serviços ali prestados, como elaboração de toda escrituração, contabilidade rural, orientação jurídica, tendem a tornar a vida do produtor rural mais fácil, fazendo com que ele tenha tranquilidade para investir na produção, gerar renda e emprego para o Município”.
Atualmente há em Monte Alto predomínio do setor secundário e do setor terciário da economia. Entretanto, o setor primário permanece como atividade importante, destacando-se a cultura da cebola e a produção de frutas para exportação. Monte Alto possui indústrias de grande porte que, juntamente com as indústrias de pequeno porte, conferem perfil industrial ao município, cuja população urbana ultrapassa os 93% da população total.
É importante ressaltar que Monte Alto tem tudo para crescer e se destacar ainda mais no cenário nacional, desde que, todos os representantes dos poderes constituídos locais, sejam eles executivo, legislativo e judiciário, trabalhem conjuntamente com a população, buscando ideias e soluções para os mais diversos problemas do nosso Município, em que só existe crescimento e desenvolvimento com muito trabalho e união.
O grande ponto em questão é que não é apenas Porfírio Luiz quem sonhou. Monte Alto possui cidadãos visionários, trabalhadores, que investiram tempo e dinheiro porque acreditavam no potencial do município. No comércio, indústria ou turismo, a cidade é exemplo para a pesquisa, empreendedorismo, cultura, dentre outros setores que fizeram o diferencial pela cidade sonho.
COMÉRCIO E INDÚSTRIA
A Cidade Sonho também é exemplo dentro do setor comercial e industrial. Além do comércio local, possui empresas multinacionais, como a Hutchinson Brasil Automotive e referências nacionais como a Weg Cestari/Automotiva Cestari, Quinelato Freios, Macopema, Fundição BB, BMA, Cepêra, Fugini Alimentos, dentre outras.
O ex-presidente e atual representante da diretoria da ACIMA – Associação Comercial e Industrial de Monte Alto, Denilson Fenerick, destaca sobre a potência de inovação de Monte Alto para o empreendedorismo e crescimento, além da oferta de empregos. “Acredito que o destaque de Monte Alto no desenvolvimento se deve ao seu povo empreendedor e inovador. Estamos geograficamente em um local desfavorável e deslocado dos grandes centros e das principais rodovias. Felizmente, nossa cidade é pluralista, nossa economia é diversificada, das quais temos quatro pilares de sustentação, são eles: o agro, a indústria, o comércio e os prestadores de serviços. Isto faz a cidade se destacar na região com o um índice do nosso PIB (Produto Interno Bruto), o que contribui positivamente para o crescimento e desenvolvimento de seu povo”.
Monte Alto chega aos seus 140 anos. Ainda, de acordo com Denilson, que também é empreendedor, a história da cidade sempre foi pautada por lutas de pessoas ilustres e personalidades que sempre buscaram o reconhecimento, assim como almejaram sempre o algo a mais. “Posso dizer o que vivi e considero um marco no desenvolvimento da cidade, quando Monte Alto, começou a levar alunos a fazer faculdade e universidade, para buscar atualização e conhecimento a serem empregados em nosso dia a dia”, completa ele.
A ACIMA completa 60 anos em 2021 e historicamente sempre esteve presente em todos os acontecimentos que focaram no crescimento e desenvolvimento de seus associados e de nossa cidade. “Nossas ações são frequentes e diversificadas, sempre buscando a satisfação de nossos associados. Somos parceiros do Executivo e do Legislativo, no que tange aos anseios legais favoráveis, respeitando sempre o colaborador, o comerciante e o industrial.
O foco atualmente está na expansão do parque fabril, buscando meios e alternativas para que as indústrias expandam e novas se instalem, a fim de colaborar no aumento da geração de emprego e renda.
TURISMO
Além das belas cachoeiras que fazem parte do destino de muitas pessoas que vêm visitar a Cidade Sonho, como da Alvorada, Gabiru, Parque Cosmo e do Sacani, com suas belezas e fontes de água naturais, surgiu o Museu de Paleontologia de Monte Alto, devido à necessidade de se abrigar os fósseis recolhidos nos arredores da cidade e mesmo nas cidades vizinhas, provenientes de depósitos fossilíferos associáveis às formações Adamantina e Marília do Grupo Bauru, Cretáceo Superior continental da Bacia do Paraná.
O Museu tem convênios celebrados com a UFRJ, Universidade Federal do Rio de Janeiro e a UNESP – Rio Claro, visando o intercâmbio científico e conta com o apoio irrestrito da Prefeitura Municipal de Monte Alto e comunidade montealtense.
O acervo do Museu é composto basicamente de ossos de dinossauros saurópodes, moluscos bivalves, tartarugas e crocodilos, todos do período cretáceo, recolhidos nos afloramentos da região e que estão distribuídos em cerca de 85 vitrines. Até os dias atuais são desenvolvidas muitas pesquisas com fósseis e novas descobertas para a paleontologia da região. O museu conta também com fósseis da Chapada do Araripe – Ceará – e de outras localidades do Brasil, recebidos por doações de amigos e professores. O principal objetivo do museu é divulgar a ciência da paleontologia e geologia entre os estudantes, incentivando-os à pesquisa, promover palestras e debates a respeito do assunto, incitando os alunos a preservarem o meio ambiente e propagar o ecoturismo educativo. Os Museus de Arqueologia e Histórico também engrandecem o turismo local.
Outro destaque no turismo montealtense são os pontos religiosos, com a presença de santuários como o do Senhor Bom Jesus, de Nossa Senhora de Fátima, da Virgem Montesina, no Distrito de Aparecida, além de comunidades rurais e o Mausoléu da Menina Izildinha. As matrizes de Nossa Senhora Aparecida e São Benedito também estão localizadas em pontos que permitem que a população participe de suas celebrações, que fora do período de pandemia, contam com a presença de milhares de pessoas, inclusive de outras cidades da região. Monte Alto possui uma herança religiosa muito grande, não apenas com a fé católica, mas com as demais denominações religiosas, que fazem da cidade, abençoada.