Com doações de materiais como jornais, revistas e um livro sobre sua trajetória, a família Villas Bôas contribuiu significativamente para a história da Imprensa em Monte Alto. Foram doados para o acervo do Museu Dr. Fernando Freire de Andrade no último dia 15 de março um total de 133 documentos, sendo considerados patrimônios históricos de Monte Alto e região, a fim de serem preservados para gerações futuras. O motivo foi a atuação dos responsáveis pelos veículos durante o percurso, e Monte Alto estava nesse caminho. “Ficamos muito felizes e agradecidos com esta doação. É um material muito rico e extremamente conservado, por meio do qual podemos resgatar ainda mais a história de nossa imprensa, Estamos preparando tudo para que, em breve, sejam expostos”, comentou o Diretor de Cultura, Thiago Colatreli Nunes.
Com o livro “Memórias, simplesmente memórias”, Antônio Villas Bôas Neto narra a história de cinco décadas da Imprensa Procopense (a família vive em Cornélio Procópio, no Paraná), que teve início com seu avô, o português naturalizado brasileiro, Antônio, que na Cidade Sonho se casou com Ermelinda Bérgamo Villas Bôas. O filho do casal, o montealtense Nicolau Villas Bôas desde os sete anos ajudava o pai na tipografia na confecção dos impressos de Monte Alto e posteriormente, Taquaritinga. Aqui, Nicolau casou-se com Izaltina Brambilla Villas Bôas.
Na história da Cidade Sonho, ficaram registrados os seguintes jornais de propriedade de Antonio Villas Bôas: “A Nota”, “O Farol” e “A Semana”, entre os anos de 1923 e 1929.
Representantes da família Villas Bôas, nas pessoas de Ademar, Antonio Neto, Darci e Margarida decidiram doar o patrimônio histórico que foi originado pelo avô, Antonio Villas Bôas, que também foi fundador dos jornais epigrafados editados pela tipografia modelo, então sediada na Rua do Comércio, 51.
A HISTÓRIA – Para conhecer um pouco sobre a história na Imprensa oferecida pelo mestre Villas Bôas, devemos estabelecer uma espécie de linha do tempo: “A Nota” foi uma edição especial realizada no ano de 1923; posteriormente foi criado “O Pharol”, um periódico noticioso e humorístico, editado quinzenalmente; “A Semana” era um periódico fundado em 12 de maio de 1929 e editado até 1936. Ainda no ano de 1936, o sr. Villas Bôas se mudou para a vizinha Taquaritinga, onde fundou outros veículos.
Em Taquaritinga, foi fundado o “Jornal A Tribuna” ainda no ano de 1936 e editado até 1942, assim como o jornal “O Furão”. Em 1942, o jornal com o mesmo nome “A Tribuna”, levou Antonio Villas Bôas para Cornélio Procópio, norte do Paraná, onde atuou juntamente com o filho e jornalista Nicolau Villas Bôas, nascido em Monte Alto, que já ajudava o pai com as tipografias desde os sete anos de idade.
Seguindo a história no Paraná, Nicolau também fundou o jornal “K.C.T”, órgão crítico, humorístico e esportivo; “O Democrata”, de órgão político, literário e noticioso que passou pelas mãos de outra direção. Em novembro de 1950, surgiu o jornal “Democracia”, também de tendência política, sob a direção de Paulo Ribeiro Dias.
A cidade de Monte Alto era um vilarejo enquanto desenvolvimento durante a década de 20 e início da década de 30. A responsabilidade do sr. Antonio Manoel Villas Bôas em trazer notícia e informação é relevante, além do contexto político-social e destaca-se como um serviço público de todo o Estado, majoritariamente pela ação conjunta do povo e lideranças, que dialogavam perante as palavras escolhidas para o texto.
Após anos de carreira como jornalista, o co-fundador da Imprensa Procopense, Nicolau Villas Bôas recebeu das mãos de Tony Ramos o “Troféu Imprensa – Arthur Hoffig”, como personalidade jornalística e Honra ao Mérito na classificação Jornalismo na Amostra Cultural Procopense. Nicolau sempre esteve atento a temáticas de política e que envolviam a Revolução Constitucionalista e o Governo Vargas, presentes no contexto do Estado Novo.
A TRAJETÓRIA, O EMPREENDEDORISMO E A POLÍTICA – A trajetória da Imprensa é muito importante para que a sociedade saiba dos responsáveis pelo direcionamento da informação, apuração e fatos.
O aprimoramento das máquinas, na última metade do século XIX, proporcionou consideráveis inovações que fortaleceram a imprensa, entre as quais, o aparecimento de um efetivo mercado de massa para os jornais, com o aumento de trabalhadores que aprenderam a ler. A partir disso, obtemos um público valioso porque, tendo ascendido ao poder simbólico das palavras impressas, torna-se além de leitor, formador de opinião.
A virada do século XIX ao XX trouxe consideráveis mudanças para o Brasil e, consequentemente, para a imprensa. A imprensa fortaleceu o sentimento de nacionalidade, consolidada a partir da Independência, e incorporou a ideologia responsável pela Proclamação da República. Foi ainda nesse período que os jornais se transformaram em empresas jornalísticas, dotadas de equipamento gráfico adequado à atividade industrial. Assim, as modificações ocorrem tanto na produção quanto na circulação, alterando-se as relações do jornal com o anunciante, a política e os leitores, atuantes até hoje.