Março é o mês de conscientização a pais, alunos e educadores sobre um problema recorrente no ambiente escolar: o bullying. A prática, que consiste em agressões físicas ou psicológicas repetitivas, pode levar marcas profundas para a vida adulta das vítimas.
Para falar sobre o assunto, O Imparcial conversou com a Mestre em Educação pela UFScar e psicóloga do SAEEB Monte Alto, Michele Yenara Agostinho.
De acordo com a psicóloga, os sinais de que uma criança pode estar sofrendo bullying podem aparecer por meio da mudança de comportamentos – como ficar mais retraída, se isolar, não querer ir para a escola, não querer comer – e também por meio de sintomas emocionais – chorar ou ficar irritada com mais frequência, sentir mais ansiedade ou medo, dentre outros.
“Geralmente, as vítimas do bullying costumam ser crianças e jovens mais tímidos, com dificuldades em se defender e de serem aceitas em grandes grupos. E justamente por não conseguirem reagir é que as provocações continuam, se constituindo, então, em atitudes agressivas repetitivas, caracterizando a situação como bullying”, explica Michele.
Em casos mais graves e recorrentes, os episódios de bullying podem colaborar para o surgimento de transtornos psiquiátricos, como ansiedade e depressão.
Assim que se constata um caso de bullying, a psicóloga orienta que, em primeiro lugar, seja criado um ambiente de acolhimento para que a criança ou adolescente possa falar sobre o que está acontecendo e o que está sentindo, sem se sentir julgada ou criticada.
“A vítima precisa ter sua autoestima fortalecida, sentir que está em um lugar seguro para falar sobre o ocorrido e que alguma ação será tomada, pois, senão, reforçamos a ideia de que ‘pedir ajuda não adianta de nada’”, pontua.
Ela também ressalta que é fundamental que os educadores estejam atentos aos comportamentos das crianças e adolescentes, sobretudo quando estão em grupo e nos momentos em que estão mais livres, como no recreio ou em intervalos.
“Quando algum adulto presencia ou é informado sobre alguma situação no ambiente escolar, mesmo que pontual, a intervenção deve ser imediata. O melhor caminho para minimizar situações de bullying na escola sempre será o da prevenção”, orienta Michele.
As consequências do bullying para a vida das crianças e adolescentes são as mais variadas possíveis e dependem muito de cada indivíduo, da sua estrutura, de vivências, de predisposição genética, da forma e da intensidade das agressões.
Os problemas mais comuns são: desinteresse pela escola, problemas psicossomáticos e problemas comportamentais e psíquicos, como transtorno do pânico, anorexia, bulimia, fobia escolar, fobia social, dentre outros.
No entanto, de acordo com a psicóloga, todas as vítimas, sem exceção, sofrem com os ataques de bullying; muitas levarão marcas profundas provenientes das agressões para a vida adulta e necessitarão de apoio psiquiátrico e/ou psicológico para superação do problema.