Todos os anos, a equipe do jornal O Imparcial se desloca até o Distrito de Aparecida para registrar, no dia 8 de setembro, o ápice da festa em louvor à Virgem Montesina, data em que milhares de romeiros se dirigem ao Santuário e rendem seu louvor aos pés de Nossa Senhora da Conceição.
No ano passado, 2020, o momento era delicado, vivíamos intenso período da pandemia do Coronavírus, e desta forma, a solenidade foi restrita, transmitida aos devotos de Nossa Senhora pelas redes sociais da Paróquia. Um lindo altar foi montado defronte ao Santuário para os romeiros que, seguindo protocolos, se dirigiram até local para agradecer ou pedir sua graça pela intercessão da Virgem.
Enquanto a equipe fotografava, uma senhora chegava, com vestes de Nossa Senhora, que, num misto de saudade e devoção, cumpria mais um ano da promessa feita pela filha que faleceu depois de lutar bravamente contra um câncer. Naquela hora não foi possível conversar com ela, apenas pegamos seu contato para hoje contar sua história.
A comerciante Sueli Aparecida Pissutti Aragon, de 66 anos, recebeu a reportagem do O Imparcial em seu estabelecimento na tarde de terça-feira, 31. Bastante emocionada disse que sua filha, Jaqueline, foi diagnosticada com câncer de Mama aos 25 anos. Moça forte, trabalhadora, filha dedicada, mulher de fé, devota de Nossa Senhora.
Desde o início do tratamento, confiou e buscou a intercessão da Virgem, e a Ela agradecia a cura que tanto teve fé alcançar. E alcançou! No entanto, “tempos depois, o problema voltou, desta vez, na cabeça”, contou D. Sueli.
“Eu e meu marido, Antonio, sempre levávamos Jaqueline para agradecer Nossa Senhora. Fomos a Aparecida do Norte, ao bairro Tabarana, onde tem uma igreja dedicada à Nossa Senhora das Graças, e todo dia 8 do mês íamos ao Distrito para participar da missa”, lembra com saudade.
Quanto à parte da história de fé e devoção que nos levou até D. Sueli, ela contou: “quando minha filha soube da doença, fez uma promessa para Nossa Senhora de ir durante 10 anos ao Santuário da Virgem Montesina, vestida como Nossa Senhora, pedir sua intercessão. Lá, trocava de roupa e depositava as vestes na Sala das Graças, como forma de gratidão. Mesmo doente, ela sempre foi caminhando (como fazem a maior parte dos romeiros devotos) durante oito anos. E eu, sabendo da devoção e da fé da minha filha, decidi terminar sua promessa. Fui no ano passado, quando vocês me encontraram e vou dia 8 também. Sei que minha filha estaria muito feliz concluindo sua promessa, e assim eu farei”, relatou sob forte emoção.
Devido às limitações físicas e de saúde, D. Sueli fez no ano passado e fará novamente este ano o trajeto até o Distrito de carro. E lá, mais uma vez depositará as vestes que usa no percurso, revestida também de imensa fé, gratidão e certeza na ressurreição. Mais pessoas se uniram à filha e também a ela no cumprimento da promessa: o tecido, a mão de obra da costura e do bordado são doados, e a estas generosas pessoas, ela faz questão de agradecer e levar em suas orações.