Solidariedade. Esta é a palavra que norteia o trabalho desenvolvido pelos Irmãos Samaritanos que, há quase duas décadas, vêm ajudando várias pessoas no município que não têm o que comer, fornecendo-lhes uma alimentação diária.
A história do grupo de voluntários teve início a partir de um sonho de Márcio Rogério Queiroz, que trabalhava numa empresa da cidade. Nele, o rapaz recebeu a visita de uma pessoa desconhecida que dizia que ele deveria ajudar as pessoas mais necessitadas. Ao sair para procurar quem havia feito o comentário, Márcio não encontrara ninguém.
Encabulado com o sonho, ao chegar em casa após um dia qualquer de serviço, ele contou à sua sogra, Vanirde Lombardo de Souza, sobre o que havia sonhado. Prontamente, ela concordou com a ideia. “Eu tinha um trailer de pastel em frente ao sacolão e ali a gente começou. Eu fazia um pouco de dinheiro e passava à tarde no supermercado e comprava as comidas para ele fazer, com uma panelinha, e levava lá perto do cemitério”, explica.
Dona Vanirde conta que não conseguia ajudar o genro de modo mais assíduo pelo fato de já estar envolvida em seu próprio negócio, mas que já tinha o desejo de vender seu trailer para acompanhar Márcio em seu projeto. “Eu falei para ele ‘se eu vender aqui, Márcio, porque eu quero vender, eu entro para te ajudar. E foi dito e feito. No mesmo dia eu coloquei um papel escrito ‘à venda’ e já apareceu um comprador”.
Desde então, ela, seu marido Fernando de Souza, sua filha, Silvia Helena de Souza Queiroz, Maria Aparecida Alves do Nascimento e mais alguns voluntários se dedicam vivamente à causa. Há 18 anos o grupo desenvolve suas atividades diretamente da própria residência, localizada na Rua São Marcos, 487, no bairro São Francisco, e que, em 23 de julho, completa 10 anos do dia em que se tornou a Associação dos Irmãos Samaritanos
Posteriormente, comovidos pela iniciativa, mais pessoas começaram a auxiliar o grupo na produção, dentre eles, João Carlos Aparecido Moreira Lopes, o ‘Joca’. Atualmente, a entidade conta com mais nove voluntários, além dos precursores do projeto.
Empresas locais, entidades e associações passaram a contribuir com a causa, fornecendo alimentos para a confecção das marmitas, além de voluntários que também auxiliaram os Irmãos Samaritanos, doando tanto recursos pecuniários quanto itens para que a produção e a entrega das comidas pudesse ser feita da melhor maneira possível.
“Uma vez nós estávamos sem arroz, e minha mãe falou ‘a gente vai ter que comprar!’. De repente o Soares, da firma, veio com três fardos de arroz. Na mesma hora ele bateu no portão. Nunca mais ficamos sem. Diminui uma mistura, vem outra”, comenta Silvia.
Inicialmente, os Irmãos tinham como foco principal os moradores de rua do município, no entanto, com o projeto se desenvolvendo, os voluntários sentiram a necessidade de ajudar mais pessoas além daquelas já contempladas anteriormente. “Famílias que precisam, a gente ajuda. Há famílias em que as mulheres têm muitas crianças, então a gente ajuda para manter as crianças. Quem está na fila vai comer”, destaca Fernando.
“É apenas uma marmita, um prato de comida. Então, a gente não vê, a pessoa pode chegar na fila e estar necessitando, estar com fome, porque está sem dinheiro ou porque aconteceu alguma coisa, ela vai levar uma marmita e ela vai comer”, ressalta João Carlos.
Recentemente, o grupo promoveu a venda de galinhada, visando angariar fundos para a manutenção da casa e também do próprio projeto. De acordo com os voluntários, a meta de arrecadação foi atingida e o valor acumulado foi o suficiente para cobrir os gastos.
“Agradeço a todos os doadores da casa dos Irmãos Samaritanos, tanto aqueles que doam materiais, em alimentos, em comida, serviços, porque sem o pessoal que vem trabalhar a gente não consegue fazer nada. Peço que as pessoas confiem nos Irmãos Samaritanos, no nosso trabalho, para que a gente possa ajudar mais pessoas. Ali tem crianças, mulheres, idosos, pessoas com problemas de saúde, pessoas dependentes químicas. Então, ali é onde chega a maior parte das pessoas que podem contar com uma marmita”, finaliza ‘Joca’.