O dólar opera em alta nesta quarta-feira (6), acompanhando a valorização da moeda no mundo inteiro após a vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos.
O dólar comercial, usado para importação e exportação entre empresas, chegou a bater os R$ 5,86 no começo da manhã e, no início da tarde, era negociado perto dos R$ 5,80. Já o dólar turismo, que é a moeda utilizada para quem vai viajar ou fazer compras internacionais em dólar, é vendido acima dos R$ 6.
Trump defendeu durante toda sua campanha a taxação de produtos importados nos Estados Unidos, além de outras medidas de protecionismo econômico — o que aumentou as perspectivas de que, em um governo dele, a inflação poderia subir, elevando os juros e isso valoriza o dólar frente outras moedas.
Também está no radar do mercado a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC). O colegiado deve promover uma nova alta na Selic, taxa básica de juros, hoje em 10,75% ao ano, e isso ajuda a segurar um pouco o preço do dólar.
Já o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, opera em baixa.
O que está mexendo com os mercados?
O dia é de alta generalizada no dólar pelo mundo, com investidores esperando por uma valorização da moeda norte-americana nos anos de governos de Donald Trump.
Isso porque o republicano defende uma política protecionista com a economia dos EUA, diminuindo o comércio com a China e aumentando as tarifas de importações para outros países, como o Brasil.
“Trump tem batido muito mais forte contra a China e tem atuado para restringir, principalmente, exportações de tecnologia acessível para o país asiático. Ele também tem ameaçado punir países que comecem a operar na moeda chinesa. Então, com Trump, podemos ter uma sanção indireta — ou seja, uma sanção contra a China e que possa afetar as exportações brasileiras”, explicou ao g1 Welber Barral, consultor especializado em comércio internacional.
Esse cenário poder mexer com a balança comercial brasileira, diminuindo o nível de exportações, o que reduziria a reserva de dólares e poderia pressionar ainda mais a inflação.
Mais que isso, o protecionismo econômico de Trump pode encarecer os preços dos produtos dentro dos EUA e gerar mais inflação no país. Como consequência, o mercado espera ver taxas de juros maiores na maior economia do mundo nos próximos anos. São elas que servem de referência para o rendimento das Treasuries, os títulos públicos americanos.
Como são considerados os produtos de investimento mais seguros do mundo, as Treasuries com rentabilidades mais altas atraem investidores estrangeiros, que encaminham seus recursos para os EUA e dão força para o dólar.
Apesar do avanço da moeda americana, porém, a magnitude da alta diminuiu ao longo da manhã. Logo nos primeiros minutos do pregão, o dólar chegou a bater os R$ 5,86, subindo cerca de 2%. Depois, a variação foi reduzida, passando para menos de 1%, com a moeda abaixo dos R$ 5,80.
Segundo William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, essa redução da alta ocorre porque a vitória de Trump já era precificada pelo mercado — e o dólar, inclusive, disparou mais de 6% só na última semana com isso no radar dos investidores.
Além disso, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) decide hoje a nova taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic. A expectativa é de uma elevação de 0,50 ponto percentual, o que levaria a taxa Selic a 11,25% ao ano.
Esse patamar torna os títulos públicos brasileiros mais atrativos para os investidores, que passam a receber retornos maiores. Assim, há uma migração de investimentos para o Brasil, o que pesa a favor do real.