A voz é a forma de comunicação mais utilizada pelos seres humanos. Ela se modifica naturalmente ao longo da vida devido às transformações de crescimento e envelhecimento das estruturas responsáveis pela produção vocal. Através dela, podemos ser identificados, embora ela possa variar a partir das nossas emoções e das pessoas com quem falamos.
Além de uma importante forma de comunicação, a voz é considerada um instrumento de trabalho para diversos profissionais, como atores, cantores, locutores, radialistas, professores e jornalistas.
Para destacar sua importância, o Dia Nacional da Voz, celebrado em 16 de abril, foi instituído em 2008 no Brasil, com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância da saúde vocal. A data ganha destaque com a campanha ‘Amigos da Voz’, promovida pela Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia.
A conscientização é fundamental para prevenir doenças que podem afetar as estruturas responsáveis pela voz, como o câncer de boca, laringe e faringe. Em entrevista ao Imparcial, a fonoaudióloga Bruna Oliveira falou sobre os cuidados que podem ser adotados no dia a dia para proteção da voz e quais sinais ela pode manifestar quando há algo errado com a saúde.
De acordo com Bruna, mudanças bruscas na voz ou manifestações que persistem por longos períodos podem sim indicar a presença de doenças. “Dor de garganta e rouquidão, por exemplo, são um sinal de problema na voz em qualquer idade, mesmo nas crianças”, ressalta a profissional.
“Se sua voz ficou diferente – rouca, fraca, tensa ou cansada -, se melhora quando você faz ‘repouso vocal’ e piora em situações em que ela é mais usada, é necessário acender um alerta”, completa Bruna, que orienta a necessidade de uma avaliação com um fonoaudiólogo ou médico otorrinolaringologista nos casos em que essas modificações durarem mais de 15 dias.
As principais doenças que podem afetar a voz incluem nódulos, pólipos, cistos em pregas vocais e câncer de cabeça e pescoço.
Em relação aos hábitos de cuidado com a saúde vocal, a fonoaudióloga alerta que “o ideal para se ter uma boa voz é evitar abusos vocais como, por exemplo, gritar ou falar muito alto por um longo período de tempo”.
Além disso, outros cuidados básicos podem fazer muita diferença no cotidiano, como procurar falar sem fazer força e abrir bem a boca enquanto estiver falando (ampla articulação); beber água regularmente e em temperatura ambiente; evitar pigarrear, gritar e falar muito alto em ambientes ruidosos; alimentação balanceada; evitar a automedicação, que pode mascarar alguns sintomas vocais importantes para o diagnóstico; limitar o álcool e, se fumar (mesmo cigarros eletrônicos), procurar interromper o tabagismo.
Para os profissionais da voz, os cuidados vocais devem ser redobrados e constantes, já que, qualquer alteração, mesmo que mínima, pode prejudicar sua atuação. “Assim como um atleta precisa cuidar do seu condicionamento físico, o uso profissional da voz exige constância nos cuidados e técnicas específicas de aquecimento e desaquecimento vocal”, ressalta a fonoaudióloga.