Projeto é de autoria de Carlos Alberto de Alencar;
homenageado foi vereador, prefeito e deputado
Autoridades junto às filhas do homenageado, Yone e Yara, descerram a placa de inauguração do Museu da Câmara
São quase 120 anos de atuação na cidade sendo, inclusive, mais antiga que a própria Prefeitura. A Câmara de Monte Alto agora, literalmente, “entra para a história”, com a inauguração de seu museu, um local que leva o nome do ex-vereador, prefeito e deputado, José Zacharias de Lima.
A solenidade aconteceu na segunda-feira, dia 16 de novembro, após a sessão ordinária da Casa de Leis. Além dos atuais vereadores, o plenário contou ainda com presença de ex-edis e suplentes, entre eles Luiz Ernesto Cestari, Isael Chiquitelli, Júlio Raposo do Amaral Neto, Carlos Alberto de Alencar, Aparecido Augusto Marcelo, Gilmar Leite, Zezé Inforçatti, Orival Fredi, Murilo Jácomo, entre outros; do Executivo, a prefeita Silvia Meira, o vice, João Paulo Rodrigues, ambos ex-vereadores, além de secretários, diretores municipais e convidados. As filhas de José Zacharias de Lima, Yone Maria Correa Lima e Yara do Carmo Correa de Lima Ulian, também se fizeram presentes na solenidade.
“A Câmara se iniciou em 1986, com a primeira ata sendo redigida na casa de Sabino de Camargo. Esse Museu veio para preservar a história da cidade. No futuro, outras pessoas terão a oportunidade de ver quem trabalhou pelo município”, destacou o presidente da Casa, Baltazar Garcia. “Hoje estamos colocando mais um tijolo na história da política municipal. Um trabalho de gravações, entrevistas feitas nos anos 80 pelo José Augusto Nascibem e Renato Bidjula, foi reaproveitado, algo que provavelmente nem eles imaginavam. O museu está iniciando, ele não vai acabar aqui, pois temos muita história para contar”, concluiu.
Durante a inauguração, os presentes acompanharam um vídeo, de aproximadamente 1h30, produzido pela Editora Pirapora. “A produção do material foi intensa. Tentamos elaborar da forma mais documental possível. Ao todo, 72 personalidades estão presentes nas imagens”, destacou o jornalista Luiz Felipe Nunes, editor do vídeo. A Editora também distribuiu um folheto informativo sobre os principais acontecimentos da Câmara, desde sua fundação até os dias atuais.
Responsável pelo Projeto de Lei nº 002/2009, que trata da criação do Museu, o ex-vereador Carlos Alberto de Alencar também falou na ocasião e lembrou de quando foi o mestre de cerimônia na inauguração do prédio do Legislativo, em 1988 e na ocasião, encontrou dificuldade na busca de informações sobre sua história. 21 anos depois, como vereador, enxergou a oportunidade de colocar em prática a criação do museu, um de seus sonhos. Mais tarde, o vereador Valdecir Sanches indicou o nome de José Zacharias de Lima para denominar o Museu.
“Há 60 anos, o José Zacharias foi eleito vereador com 2015 votos e, hoje, estamos em 2015. Uma homenagem mais do que justa. Estou doando vários documentos para o Museu, que foram repassados por suas filhas, inclusive, a sua carteirinha de vereador”, ressaltou Sanches.
“Hoje é um dia muito feliz para nós. Meu pai era autodidata, não fez faculdade; participou da Revolução Constitucionalista de 1932, tendo escrito um Diário da Revolução. Agradecemos a todos os vereadores pela lembrança e que o Museu seja memória viva e um bom exemplo para os montealtenses que aqui estão e aqui virão”, afirmou Yone.
“Esta é uma noite memorável. Conheço a história de Monte Alto nos últimos 60 anos. O passado ninguém muda e hoje, estamos construindo o futuro. Neste dia, fazemos justiça para quem fez algo pela cidade”, ressaltou o vereador Elias Bahdur.
“São 120 anos de muito trabalho do Legislativo. A história não é contada por uma pessoa, mas através dos muitos que fazem parte dela. Quero destacar a importância do Legislativo, a participação do primeiro negro na vida do Legislativo, da primeira mulher, e outros fatos marcantes. A nossa história é feita por grande homens”, finalizou a prefeita Silvia Meira.
HISTÓRICO – José Zacharias de Lima nasceu em 4 de dezembro de 1910, em Itabaianinha, interior do Estado de Sergipe, sendo o segundo filho do casal Arthur Esteves de Lima e Amélia Esteves de Lima. Em 1912, a família mudou-se para Monte Alto, onde outros parentes já residiam. Fixaram moradia na zona rural, na fazenda Barreiro.
Em 1932, alistou-se como soldado voluntário da Revolução Constitucionalista de São Paulo, dela tendo participado ativamente até o seu final.
Demonstrando grande vocação para a política, chegou ao posto de Chefe do Núcleo Municipal.
Em 21 de maio de 1946, foi nomeado pela Interventoria Federal para exercer, em comissão, o cargo de prefeito pelo voto. Em fevereiro de 1947, pediu exoneração desse cargo para poder candidatar-se a prefeito, nas eleições que se realizaram em 9 de novembro desse mesmo ano. Foi eleito pela coligação partidária PSD e PTN, exercendo o mandato de janeiro de 1948 a 31 de dezembro de 1951.
Em 1955, elegeu-se prefeito pela segunda vez, exercendo seu mandato até 31 de dezembro de 1959. Em 1958, candidatou-se a Deputado Estadual pela legenda do PL (Partido Libertador). Obteve votação expressiva, mas não foi eleito.
Em 10 de maio de 1960, terminado o seu mandato e estando bastante decepcionado com a política local, devido a pressões e perseguições pelas quais passou, decidiu licenciar-se do Cartório do Registro Civil e transferir-se para Brasília, que havia sido inaugurada em 21 de abril daquele ano. Em Brasília passou a atuar como assistente do seu amigo, deputado federal Antônio Sylvio da Cunha Bueno.
Em 26 de julho de 1975, recebeu o título de “Cidadão Montealtense”, conferido pela Câmara Municipal de Vereadores.
Residindo em Brasília e conhecendo bem os trâmites processuais junto aos Ministérios, sempre atendeu com presteza aos pedidos que lhe eram formulados por entidades ou cidadãos de Monte Alto. Candidatou-se mais uma vez a prefeito, nas eleições de 1976, participando de uma sublegenda do MDB, juntamente com Nelson Dalseno e Elias Bahdur. A finalidade desta candidatura foi plenamente atingida, com a vitória de Elias Bahdur.
José Zacharias de Lima faleceu em 6 de abril 1995, aos 84 anos, sendo sepultado em jazigo da família no cemitério de Monte Alto, conforme sua vontade. Posteriormente, uma de suas filhas, ao selecionar antigos documentos deixados por ele, encontrou um bilhete para ser lido após a sua morte, no qual manifestava o seu apreço à Cidade Sonho, explicitando o desejo de que no seu túmulo fosse colocada uma placa com os dizeres: “Amou Esta Terra Como Poucos”. Assim foi feito, como conta o saudoso historiador Luiz Carlos de Vicente.
Na Tribuna, Yone, filha de José Zacharias de Lima, agradece a homenagem
Valdecir Sanches e Alencar com as filhas do homenageado, Yara e Yone
Grande público esteve presente na inauguração do Museu, que fica próximo à entrada da Câmara
Atuais vereadores, Secretário de Educação, Thiago Cetroni (vereador licenciado) e prefeita Silvia Meira,
juntos a uma mesa utilizada por diretorias de décadas passadas (foto em destaque), presente no Museu