“A Prefeitura prontamente atendeu a minha solicitação, porém, mesmo passado alguns meses, alguns pais não tem a devida conscientização; não sei se é falta disso ou é falta de educação e respeito mesmo”. A mensagem, em tom de desabafo e, ao mesmo tempo de revolta, é de Priscilla Furlanetto Augusto, mãe da pequena Alissa.
Para entender o caso: com 1 ano e 9 meses, em fevereiro de 2017, Alissa foi diagnosticada com AME – Atrofia Muscular Espinhal, do tipo 2, uma doença que atinge o desenvolvimento muscular. O tratamento contra a doença é realizado com o remédio spinraza, cuja cada dose custa em torno de R$ 386 mil. Desde a descoberta, a família ‘luta’ para conseguir angariar o valor, realizando, para isso, várias ações por toda cidade; ações essas que sempre ganham a solidariedade tão marcante e presente no povo montealtense.
Voltando à fala de Priscilla, o desabafo, no entanto, tem outra vertente. Desde o começo do ano, Alissa começou a estudar no maternal na EMEB Antônia Florenzano, o “Parquinho” como é popularmente conhecido. “Desde os primeiros dias, era muito difícil achar um lugar próximo da escola para estacionar e levá-la (Alissa necessita de cadeira de rodas para se locomover; ela, inclusive, está com uma cadeira adaptada, pequena em relação ao seu tamanho), pois havia na calçada somente a rampa para cadeira e não havia uma vaga preferencial para estacionar. Procurei o Departamento de Trânsito e o diretor, Renato Ulian, prontamente me atendeu, colocando a sinalização para cadeirante próximo à escola”, ressalta. O problema, porém, veio nos dias posteriores e, até hoje, não cessaram. “Mesmo com a sinalização, alguns pais param na vaga alegando que ‘vai ser rapidinho’. Esse problema é estendido à faixa amarela em que ônibus e vans podem estacionar, ou seja, é muito desrespeito. Importante ressaltar que alguns pais também ficam indignados com a situação”, acrescenta.
O Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004, regulamenta as Leis nº 10.048, de 8 de novembro de 2000 e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, estabelecendo normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Estacionar o veículo nas vagas reservadas às pessoas com deficiência ou idosos, sem o devido credenciamento, rende multa gravíssima com sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e punição de R$ 293,47; as credenciais para uso dessas vagas são emitidas nos órgãos municipais de trânsito, no caso de Monte Alto, o Demutran.
“Quando você leva ou busca seu filho na escola e estaciona o carro em local proibido ou em fila dupla e vagas preferenciais, você está ensinando que as leis não importam, que o que vale é seu conforto, mesmo que atrapalhe o próximo”, diz uma postagem de Priscila no Facebook no mês passado; postagem essa que, a princípio, não surtiu efeito.
SUPERAÇÃO – A sexta dose do remédio foi ministrada em 16 de agosto; Alissa é acompanhada por uma equipe médica multidisciplinar no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. “Os médicos estão admirados, pois no início, disseram que ela não teria muito tempo de vida. No entanto, ela vem tendo avanços motores significativos. Ela é uma guerreira”, diz Priscilla. Além do tratamento médico, a garota faz acompanhamento com hidroterapia, hipnoterapia, fisioterapia motora e respiratória, terapia ocupacional e fonoaudióloga.
A família é completada pelo papai Emerson Augusto e pelo outro filho do casal, Eduardo, de seis anos de idade.