O Dia Internacional das Mulheres é uma data comemorativa que foi oficializada pela ONU – Organização das Nações Unidas na década de 70. A data simboliza a luta histórica das mulheres por uma equidade de oportunidades.
A origem do Dia Internacional da Mulher está repleta de controvérsias. Alguns associam o surgimento da data com a greve das mulheres que trabalhavam em Nova York na Triangle Shirtwaist Company e, consequentemente, ao incêndio que ocorreu em 1911. Já outros, indicam que ela surgiu na Revolução Russa de 1917, a qual esteve marcada por diversas manifestações e reivindicações por parte das mulheres operárias.
No dia 8 de março de 1917, aproximadamente 90 mil operárias russas percorreram as ruas reivindicando melhores condições de trabalho e de vida, ao mesmo tempo que se manifestavam contra as ações do Czar Nicolau II.
A historiadora montealtense Cibele Gomes comenta um pouco sobre como a luta desse dia interfere na importância da comemoração, como sociedade a nível mundial e nacional. “Aqui no Brasil, a história é diferente: a luta por melhores condições e pelo voto tem início na década de 20, década de 30, que vai culminar em 1932 com uma nova Constituição Brasileira, que dava direito ao voto da mulher. Hoje em dia as nossas pautas são muito parecidas, apesar de já termos adquirido muitos direitos, hoje nós lutamos para que esses direitos sejam exercidos de fato”, destaca ela.
Dentre as reivindicações, destacam-se as longas jornadas de trabalho e os baixos salários que recebiam, uma das pautas debatidas até a atualidade. Portanto, a luta dessas operárias focava na busca de melhores condições de vida e trabalho, além do direito ao voto, conhecido como sufrágio.
Diante desse panorama, a criação de um dia dedicado à luta das mulheres foi sendo delineada por manifestações que ocorreram nos Estados Unidos e em diversas cidades da Europa em finais do século XIX e início do século XX.
Em 28 fevereiro de 1909 aconteceu a primeira celebração das mulheres nos Estados Unidos. Esse evento surgiu inspirado na greve das operárias da fábrica de tecidos que ocorrera no ano anterior. Infelizmente, o movimento foi finalizado de maneira trágica e no dia 25 de março de 1911, a fábrica pegou fogo com várias mulheres no interior do edifício.
O resultado foi a morte de 146 pessoas dentre as 500 que trabalhavam lá e, desse número, cerca de 20 eram homens. A maioria das funcionárias que morreram eram imigrantes judias e algumas tinham apenas 14 anos. Após o incidente, a história da conquista dos direitos começou a ser construída, de início, com os protestos.
Apesar da história trágica, a data do 8 de março tem muito significado pela força que as mulheres sempre tiveram que demonstrar ao longo de suas vidas, seja na questão pessoal ou profissional. O gênero ainda é um fator marcante que determina privilégios na sociedade.
“A luta das mulheres é árdua. Hoje nós temos um amplo espaço em muitos contextos; a mulher permeia por muitos locais, como a universidade, a política; mas ainda assim é necessária muita consciência e diálogo”, evidencia a historiadora, que também explica as confusões nas ideologias do feminismo. “O feminismo busca um mesmo patamar de igualdade entre homens e mulheres, diferente do que muitas pessoas pensam quando relacionam com o machismo”.
Cibele ainda destaca sobre a importância da representatividade: “Apesar de nós sermos a maioria das eleitoras no Brasil, as bancadas estão compostas majoritariamente por homens. Existem poucas mulheres eleitas para cargos dos Poderes Legislativo e Executivo para nos sentirmos representadas […] nós só conseguimos mudanças através da legislação”, finaliza ela.
Embora hoje os homens venham em um processo de desconstrução machista, a mulher sempre foi polivalente, permeando espaços que antes eram ocupados por homens. Ser mulher é um grande desafio, e a luta deve ser de todos.