Um outro Natal

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Já de antemão gostaria de avisar que, pegando o gancho da Páscoa, o artigo de hoje tem uma conotação religiosa, assim sendo, não fará sentido para não cristãos e ateus.
Embora não exista um registro exato da data do nascimento de Jesus, desde os primórdios do cristianismo, estabeleceu-se a necessidade de comemorar a chegada ao mundo daquele que seria tido, pelos cristãos, como o Salvador profetizado no Antigo Testamento e ansiosamente aguardado pelo povo oprimido e carente de um libertador. Embora nem todos os judeus tenham aceitado Jesus Cristo como o Messias Redentor, a aceitação foi grande o suficiente para criar uma nova vertente religiosa que segue até os dias atuais, tendo se disseminado pelo mundo todo, em alguns locais de forma mais abrangente, em outros, menos, mas com força suficiente para, a partir do Catolicismo, se tornar a religião com o maior número de adeptos do planeta.
Até meados do século IV, não havia uma data certa para essa comemoração, que já tendia a coincidir com a festividade do solstício de inverno, uma festa pagã destinada a celebrar o nascimento anual do Deus Sol. A celebração do nascimento de Jesus foi instituída oficialmente pelo Papa Libério, no ano 354. Tomando o dia 25 de dezembro como a data do nascimento de Jesus, a Igreja Católica ressignificou a festa. Tendo entre seus objetivos estimular a conversão dos povos pagãos, guardou aspectos como a troca de presentes, a ceia especial, as árvores enfeitadas, as guirlandas e as músicas típicas, que foram se adaptando ao tema do nascimento de Jesus.
Embora sendo uma festa cristã, o Natal é amplamente comemorado por muitos não-cristãos, que ajudaram a popularizar a figura mitológica do Papai Noel e a fazer do período um dos mais frutíferos para o comércio, com um impacto econômico considerável em várias partes do mundo. Mas, e a Páscoa? A Páscoa é uma tradição muito anterior ao cristianismo e representa o evento mais importante para o povo judeu. Com origem na palavra pessach (passagem), simboliza a libertação do povo hebreu da escravidão no Egito. E foi exatamente o dia reservado à comemoração da Páscoa judaica o dia da ressurreição de Cristo, que voltaria a ascender ao Céu de onde teria vindo e para o qual franqueou a passagem a todos que aprendessem a viver segundo a sublime lição do amor que Ele veio ensinar no seu sentido mais amplo e incondicional, resumindo toda a Lei e os Profetas.
Embora conflitos e guerras com motivações religiosas acontecessem antes dele e continuem acontecendo até nossos dias, a sua lição é simples e precisa, o amor resume tudo, sintetiza tudo e representa o único caminho possível. Ao dizer aos seus discípulos: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai se não por mim.”, Jesus disse também: “Eu sou o amor.”.
Para os cristãos, que embasam sua fé na existência de um Deus trino, ou Santíssima Trindade, um Deus que é Pai, é Filho e é Espírito Santo– conceito curiosamente bem elaborado no livro A Cabana, do escritor canadense William P. Young, recém adaptado para o cinema e já sucesso de bilheteria, o Natal representa o nascimento de Deus na Terra e a Páscoa, o retorno de Deus ao Céu. Dessa forma, se o Natal representa segurança, mostrando-nos que não estamos sozinhos, que Deus se importa e se importa tanto que tomou a forma humana para vir experimentar as nossas mazelas e ensinar pessoalmente a simplicidade e a grandeza de sua lei, a Páscoa representa a esperança e a certeza de que há um lugar para onde podemos ir. Da mesma forma que Deus veio até nós, entrando em nossa casa, nós podemos ir até ele e entrar na sua casa, repousar em seu regaço, descansar de nossas dores no seio do seu amor – desde, é claro, que aprendamos a vivenciá-lo enquanto estamos por aqui.
O Natal é uma data importante para mim, mas, a Páscoa, é muito mais. Eu não costumo me preparar para o Natal, apenas entro no clima e procuro fazer sempre uma reflexão madura do seu significado, tentando fugir do estereótipo comercial da troca de presentes e orgia etílica e alimentar. Mas, para a Páscoa eu me preparo. Todo o período da quaresma, que a antecede, é um período especial em minha vida, um período de renúncias, de meditação, de reflexões e acertos de rota e o Domingo de Páscoa sempre representa um novo começo; literalmente, um renascimento, um renovar da esperança, um fortalecimento da fé. O respeito que tenho por esse período e o recolhimento que me proponho, sempre me transfiguram e eu saio da Páscoa me sentindo uma pessoa melhor e mais fortalecida, porque o Deus no qual acredito veio até mim e, não importa que tenha sido morto por causa de minha ignorância, porque ele ressurgiu, ele renasceu, ele transcendeu tudo o que o homem achava impossível, ele ressuscitou. E o fez por mim, por você, pelo budista, pelo hindu, pelo muçulmano, pelo fundamentalista, pelo xiita, pelo ateu. Ele o fez pela espécie humana e nos deu um novo sentido, um novo norte, uma nova direção.
E é por isso ser tão forte e significativo para mim que eu me permito abrir esses parênteses para falar de fé de uma maneira ostensiva, sem querer desrespeitar quem não creia ou creia diferente de mim, por isso tive o cuidado e a delicadeza de avisar de antemão qual seria o mote deste artigo, para que nem o lesse quem é avesso a temas que envolvam fé e religiosidade. Como eu não como chocolate, qualquer significado que não seja o estritamente religioso não me distrai desse rito tão especial do universo cristão. Minha Páscoa não terá coelhos, trufas e nem ovos de chocolate, mas, desde o primeiro dia da quaresma, ela vem tendo Deus de forma abundante e superlativa e se, em dezembro, costumamos desejar “Feliz Natal”, neste abril eu desejo, com muito respeito e amor: “Feliz ressurreição!”.

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