A formação da identidade, isto é, nossa própria forma de pensar, agir e “ser” é um processo que dura toda a vida, mas, é muito marcante e importante na infância, pois esta é a fase onde a criança começa a criar expectativas de como gostaria de ser no futuro e de como se sente no presente. Na adolescência, esta formação se intensifica e, juntamente com todas as mudanças orgânicas – como a revolução hormonal – promovem uma série de situações que caracterizam e explicam o comportamento adolescente.
Na questão orgânica, ou seja, nas mudanças que envolvem as alterações do funcionamento do próprio corpo e do cérebro, podemos citar a grande alteração de estruturas fundamentais, como o crescimento cerebral e as conexões deste que estão em constante progresso. Neste processo de amadurecimento das funções cerebrais as áreas motoras são as que se desenvolvem primeiro, em seguida a linguagem e a orientação espacial e, por último, as áreas ligadas ao processamento do pensamento e as funções chamadas executivas. As últimas áreas a se desenvolverem é justamente a que responde pelo controle dos impulsos e o centro de comando das reações emocionais.
Esta última área de “amadurecimento” justifica, em partes, a reações impetuosas e escolhas nem sempre coerentes que são características dos adolescentes e de seus temperamentos inconstantes. Ao mesmo tempo, todo este desenvolvimento promove também conexões mais rápidas e o sistema nervoso ainda tem a flexibilidade da infância, o que significa grande capacidade para novos aprendizados e também uma grande dificuldade na impulsividade.
Todas estas explicações são necessárias e importantes para que possamos entender que, dentro de toda a dificuldade da fase adolescente, estão envolvidas mudanças de estruturas cerebrais que influenciam diretamente no controle e no funcionamento de determinados comportamentos, mas, que não agem sozinhas.
O ambiente familiar, o grupo de convívio social do jovem, pessoas importantes e coerentes que estejam sempre por perto para dosar e ajudar a equilibrar esta série de reações impulsivas é essencial para amparar o adolescente apontando alguns caminhos e, quando necessário, buscando ajuda profissional.
A adolescência, falando agora sobre formação de personalidade, é uma fase de crises e conflitos considerados normais. O adolescente experimenta uma consciência de sua própria existência que é base do autoconhecimento da juventude. E é justamente este processo de autoconsciência que leva o jovem a buscar um sentido para sua identidade pessoal: como e o que ele quer ser.
A adolescência se inicia, geralmente, caracterizada por uma série de atitudes que envolvem um certo descompromisso e uma oscilação entre as escolhas que se faz de um momento para o outro. Para que esta fase seja superada, exige-se do jovem um esforço para avaliar suas opções e responsabilidades pessoais e aprender como utiliza-las para chegar a uma noção mais clara de quem realmente é e o que quer.
Por este motivo, o adolescente busca sempre o convívio em grupos onde ele pode experimentar diversos papéis diferentes, características de personalidade, formas de falar e atuar, idéias, metas ou tipo de relações. Sua identidade vai se formando a partir das vivências que experimenta nestas situações diversas.
A duração e a intensidade da adolescência variam nas diferentes sociedades, mas, é fato que todo este processo de busca pela identidade pessoal e as consequentes confusões e dúvidas promovem uma sensação interna de sofrimento para o jovem e, se isto for demasiado, pode causar o aparecimento de problemas psicológicos. Enfim, crescer é difícil e doloroso, porém, necessário.
