Um professor com um giz na mão é mais revolucionário do que um cidadão armado que luta pela sua ideologia. Um professor, mesmo trabalhando na escassez, consegue vencer suas batalhas cotidianas. Ser educador num país como o nosso sempre será um ato de revolução, porque sabemos das más condições que enfrentamos para se exercer este ofício transformador, da desvalorização, da violência sofrida – física e verbal – e mesmo assim seguimos confiantes e centrados na profissão.
Com todo respeito aos colegas envolvidos com política: infeliz é o homem que aceita um representante do povo ganhar mais do que um professor. É lastimoso tentar entender esta discrepância de valores – moral e social – entre docência e política. Dom Pedro II, último monarca desta Ilha de Vera Cruz disse: “Se não fosse imperador, desejaria ser professor.
Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro.” Não sei se Vossa Majestade ainda teria este desejo nos tempos de hoje. Não sei qual seria a reação dele ao entrar numa sala de aula; não sei qual seria a reação ao receber o pagamento do mês, e, também, não sei qual seria a opinião ao perceber o rumo que tomou a república e, principalmente, do ganho exorbitante que os homens recebem para (des) governar esta Terra Brasilis.
Quando eu falo em revolução é porque o professor – o verdadeiro – digladia com armas que ferem a verdade e mostram a libertinagem do que é ser professor no Brasil. Um giz pode matar a ignorância daqueles que insistem em causar o pânico e o caos. Pode abrir uma mente em cárcere e libertar as asas daqueles que só querem voar. Não há o rubro do sangue nas mãos de um professor, mas há o suor, excessivo e disseminado, consequente dos seus esforços em edificar conceitos, sabedoria e valores. Enquanto tiver um homem com um giz na mão, prontificado a alavancar a sabedoria do seu povo, a esperança sempre será fruto; as sementes serão o conhecimento dissipado por estas terras que não nos valorizam.