Semana 84

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E essa coisa de acreditar em Deus é uma loucura. Na verdade eu não acredito mais nessa coisa de “acreditar”, eu acredito que vivemos, que sentimos, que “somos” Deus. E quanto mais vivemos, sentimos e somos, mais nos conectamos, e mais presentes ganhamos. E por incrível que possa parecer, a história se repetiu, exatamente da mesma forma, só que dessa vez, com outra família linda.
Foi igualzinho, outro carro passou e parou. Outra família desceu do carro, e da mesma forma me convidou a compartilhar com eles mais um dia de vida. Impressionante. Era hora do almoço, a fome já estava dando sinal de vida, e eles chegaram pra me convidar pra almoçar e dormir com eles. Quem estava ali era Jose Pablo, Aidee, com seus filhos José Pablo, Yoshira y Yokko, indo pra aldeia de Los Pozos, visitar o resto da família, e eu fui junto, é claro. Cheguei e dei de cara com mais uma família gigante, cheia de crianças e irmãs, todas mulheres. Não deu outra, comida e interrogatório, mas dessa vez a coisa foi mais séria. Me colocaram sentado em uma cadeira e sentaram todos de frente pra mim, mas dessa vez não era pra rezar não, mas sim, para metralhar-me com perguntas de todos os tipos. “Quantas namoradas você já encontrou no caminho?”, “Mas e sua família?”, “Como você faz pra dormir?”, “Onde você come?”, etc, etc, etc…
Depois fomos todos ver a lua cheia, no alto de uma pedra, atrás da casa, que fica no meio do mato, longe de qualquer barulho. Mães, filhos, primos e eu, todos deitados. Logo, umas cinco crianças deitaram ao meu redor, todos abraçados, cada um com a cabeça em alguma parte do meu corpo, no ombro, na barriga, na perna, olhando pro céu e falando sobre constelações e estrelas cadentes. Como me faz bem…
Agradeço muito e escrevo aqui os nomes de todos os familiares, dá só uma olhada no tamanho da lista: Miguel, Lesly, Reyni, Ana, Sherlyn, Antony, Mario, Jandery, Sunyi, Marcela, Lupita, Jose Miguel, Amaralis, Ronito, Jaquelin, Walter, Alejandre, Kimberly, Gaby, Sherlyn, Bety, Flory, Jose Pablo, Roci, Esmeralda, Erly, Jose Pablo (filho), Yoshira, y Aidee… Muito obrigado por tudo!
Na hora de dormir, colocamos um monte de cobertor na parte externa da casa e dormimos todos juntos com a lua gorda. Acordamos, tomamos café e nos despedimos. Segui mais uma vez carregado com essa alegria de família que me contagia, como se fosse minha. Segui viagem por poucos quilômetros, e tive que parar, por problemas com a corrente da Princesota. Fiquei parado no meio da estrada de terra, numa subida impressionante. observando
Não encontrei o que fazer a não ser esperar, até que uma moto apareceu e com uma corda me rebocou até El Chol, a próxima vila. Cheguei, sentei na praça e passei o dia por lá. Depois entrei no mercadão, onde almocei comida de mãe e assisti a final da copa do mundo, em uma televisão pequena, colocada em cima dos sacos de milho e feijão de uma das vendas. Para mim, não há melhor lugar pra almoçar do que os mercados centrais, que são sempre mais baratos e nos proporcionam a comida mais rica, feita com amor pelas tias e avós.
Nesse dia eu deveria resolver o que fazer da minha vida nos próximos dias, por questão de “tempo X espaço”. O que acontece é que tenho data pra chegar no México, e muitos quilômetros pela frente. Daqui exatos sete dias, um grande, ou melhor, um grandíssimo amigo, o Leo, virá me encontrar, em Cancun. Vamos passar 40 dias viajando de bicicleta por terras mexicanas, então, eu preciso chegar junto com ele. Para que isso aconteça, tive que desviar minha rota e tomar um caminho muito mais longo, e como eu percebi que seria muito difícil chegar a tempo, utilizei desse probleminha da Princesa como desculpa para fazer um trecho de ônibus.
Além disso, combinei com Zaklina que iriamos nos reencontrar em três dias, e as montanhas estavam tão duras, que seria impossível chegar, então, acordei as 4h da manhã em El Chol e montei numa caminhonete, que me levou montanha acima. Depois, mais três ônibus até chegar em Lanquin, de onde lhes escrevo esse monte de besteiras.
Lanquin é uma vila perdida em meio as montanhas, turística pela beleza da região, onde se encontra o Parque Nacional de Semuc Champey, um complexo de piscinas naturais e cavernas maravilhoso. Ontem passamos o dia desfrutando dessa beleza, nadando em rios azuis em meio as montanhas e em outros escuros dentro das cavernas. Amanhã seguimos rumo a Flores, onde se encontram algumas Pirâmides Maias, e logo, voltarei a pedalar rumo aos últimos quatro dias que me faltam pra chegar no país mais esperado da viagem….
Durante algumas noites, experimentei o desprazer de não conseguir dormir direito. Pensamentos que, sem motivo algum, chegam a minha cabeça quando deito na cama e que me tiram o sono. Coisas do tipo, “você não vai dormir”, e eu fico ali, me revirando, por algum tempo. Seria complexo escrever aqui tudo o que penso em relação a isso, mas sei que é algo maravilhoso. Sei que estou sentindo isso, porque me foi permitido, para que eu pudesse buscar uma conexão cada vez maior. Pai, mãe, família, não se preocupem, isso não é nada… só quero utilizar desse diário para expressar o que sinto, e pra mostrar que por aqui também tenho minhas loucuras. Não tenho coragem de dizer que isso é um problema. Basta ligar a televisão e ver o que são problemas, o que é sofrimento, e é por isso que agradeço tanto pela oportunidade de viver em paz, longe das guerras e sofrimentos…
Agradeço muito pela atenção. Que tenham um ótimo fim de semana. Um beijo imenso, com muito carinho. Beto!

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