Se doer, você desiste?

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Há muitos motivos que levam as pessoas à academia. Algumas vão por estética, outras por recomendação médica, porque é moda, porque os colegas vão ou pela razão mais elementar: bem-estar e saúde.

É muito bom ver as pessoas com corpos sarados, músculos definidos, aparência saudável. Mas, só Deus sabe quanto custa chegar a esses resultados. Alongamento, caminhada, corrida, musculação, aeróbica, Pilates, artes marciais, hidroginástica, zumba, crossfit, funcional, tudo dói!

Principalmente para quem possui anos de sedentarismo e cujo exercício mais pesado é pegar a pipoca na tigela, tirar o refrigerante do freezer e usar o controle remoto para escolher um filme ou uma série no seu streaming preferido.

Depois de tomar a grande decisão e fazer a matrícula na academia, na primeira aula a gente acha que não vai aguentar, na segunda, tem certeza que vai morrer e, na terceira, apesar de não ter morrido, começa a odiar quem inventou exercício físico. Essa é uma área na vida que contraria o ditado que diz que no começo tudo são flores, porque, se elas existem, despetalaram faz tempo, deixando só os espinhos pontiagudos que atingem do primeiro ossinho da cervical até o último dedinho do pé.

Os efeitos colaterais do condicionamento físico se apresentam por fases. Primeiro: se exercitar dói. Segundo: Andar dói. Terceiro: Respirar dói. Quarto: Pensar dói. Nessa fase você passa a ter ódio de todas aquelas mulheres de curvas bem delineadas, coxas definidas e bumbum empinado, sempre com um sorriso Gatorade na cara e daqueles caras saradões, tão musculosos que parecem capazes de esfarelar o casco de um jabuti com um aperto de mão. Por último, você sente ódio de você mesmo por ter embarcado nessa furada e ainda ter pago dinheiro por isso! Sem contar o investimento em roupas e tênis apropriados.

Um aspecto interessante é que, nas situações cujos começos são flores, quando elas começam a murchar, a gente sai fora ou fica porque já se acomodou e resolve levar do jeito que dá. No condicionamento físico, muitos desistem antes de verem qualquer resultado, por terem a sensação de que aquilo nunca vai melhorar e que todas aquelas pessoas que parecem amar tanto a prática que, se pudessem, mudariam para a academia, são fakes.

Só que isso é um engano, um grande engano. Porque a fase do desconforto e da dor passam, e então começa a fase de ganho e de prazer. Em alguns casos, vem a perda de peso, em outros, o peso aumenta, por causa do ganho de massa muscular, mas a gordura some. A postura melhora, o corpo fica mais bonito e sentir-se bem disposto passa a ser uma constante. Se a sua opção for pelo Pilates, que parece ter sido criado única e exclusivamente como objeto de tortura física, mental e espiritual, você vai acordar partes do seu corpo que nem sabia que existiam e ganhar uma flexibilidade inimaginada. Literalmente, você se tornará uma nova pessoa.

Se a sua opção for pelo condicionamento mais pesado, os seus músculos, a princípio inflamados, vão cicatrizar e começarão a tomar a forma que você idealizou, e isso é algo muito prazeroso. E qualquer outra modalidade que você tenha escolhido, vai trazer os resultados esperados e até te surpreender. Mas, para chegar a essa fase, você precisa superar a dor. Primeiro, tem de aprender a conviver com ela, depois, ultrapassar os seus limites e entrar em um novo limiar.

Infelizmente, muitos desistem antes de começarem a obter os resultados positivos. Ficam só com a lembrança do suor, do cansaço e da dor, com o prejuízo pelo investimento perdido e com o ódio mortal do mundo fitness. Mas, não é só na parte física que isso se dá, há mais coisas na vida que doem e, por doerem, a gente desiste.

Com o desenvolvimento espiritual, acontece a mesma coisa. Chega uma hora que a vida fica sem graça, tudo parece perder o sentido, vem aquela enorme sensação de vazio, de não pertença, de nulidade. Então a gente vê pessoas rezando, homens e mulheres de fé, gente de oração, de meditação, de atitude proativa, fazendo do mundo um lugar melhor só por viverem nele. Então você se motiva e resolve que quer isso para a sua vida também. Se já tem uma religião, resolve se aprofundar mais nas práticas dela, se não tem, decide procurar por uma, influenciado por amigos ou por pessoas que admira. Então vai para a igreja ou para o lugar de prática do que você escolheu acreditar.

Semelhante ao que acontece nas academias, logo você vê que as coisas ali também não são flores. Dependendo do sermão que ouve, de um padre, um pastor ou um palestrante, você já sente vontade de sair correndo, porque parece que ele investigou a sua vida e está fazendo aquela pregação exclusivamente para você e ainda tem a sensação de que todas as pessoas presentes sabem que é a você que o pregador se refere.

Depois vem a parte da conversão, que requer uma radical mudança de vida: você vai precisar deixar os seus vícios, os seus hábitos nocivos, muitas vezes mudar o seu jeito de vestir, o seu vocabulário, vai precisar pensar sobre os seus erros e confessar os seus pecados, doar parte do seu dinheiro, ajudar o próximo, se engajar em campanhas de caridade e até participar de mutirões de reforma, faxina e construção nos finais de semana.

Pior que tudo isso, tem uma parte que parece o Pilates, vai esticar você de uma tal forma que vai te mostrar partes suas que você nem sabia que existia ou sabia e tentava fazer de conta que não. Você vai ser convidado a ajoelhar e passar longo tempo em oração, às vezes, em práticas repetitivas, como a recitação do rosário, se for católico, ou louvores mais exaltados, onde todos falam ao mesmo tempo e alguns, em línguas estranhas, se for evangélico. Vai ser convidado a retiros espirituais, adoração ao Santíssimo ou até a ir orar no monte de madrugada.

Você vai ficar diante de si mesmo como nunca esteve e, pode ter certeza, dói. Tanto ou mais que a academia. E você pode entrar na mesma atitude de negação e passar a ter ódio das igrejas, dos padres, dos pastores, dos doutrinadores, das pessoas piedosas e com aparência de felizes e bem resolvidas. Na academia, você odiará os musculosos, na religião, odiará os que vivem sob a graça. E, claro, odiará a si mesmo por ter deixado a sua vidinha cômoda e desarranjada para se meter nessa roubada. E poderá até odiar a Deus.

Na verdade, viver bem e ser saudável física, mental e espiritualmente, dói, porém, se você não desistir, pode descobrir níveis de prazer, de felicidade e de emancipação que nem imagina ser possível existir. Mas, se quando dói você desiste, nada disso será acessível a você.

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