Aquele que mal lê, mal compreende, mal interpreta e mal conhece o mudo em que vive. Vivemos tempos sombrios, porque a tecnologia tem dominado os espaços e os lares da população brasileira. A causa disso tudo é que aderimos à tecnologia e a colocamos como ocupação primordial nestes mesmos espaços antes de nos tornarmos leitores. Alguns países da Europa vêm retrocedendo em relação ao uso da tecnologia em sala de aula. Vejamos o exemplo da Suécia: durante 15 anos substituiu os livros didáticos por tablets, computadores, plataformas tecnológicas e aplicativos. As consequências desta mudança é que os alunos perderam o hábito da leitura, professores ficaram sem acessos aos livros e os pais e responsáveis não conseguiam ajudar os filhos nos afazeres e deveres de casa. Nem sempre a facilidade tecnológica estará aliada a qualidade de ensino. Nem sempre. Estamos criando – assim como sempre foi – analfabetos funcionais.
No Brasil, basta olharmos aos gráficos e estudos voltados à área da educação. Os estudos deste ano de 2024 sobre a leitura evidenciam a falta de interesse pela leitura no país. A Pesquisa Retratos da leitura, a principal fonte relacionada a esses hábitos, comprovou que 53% da população brasileira não leram nem a parte de um livro. Preocupante! Mais da metade da população brasileira não leem livros. Esses dados vão de frente com a insatisfação da população brasileira em relação à qualidade da educação: dados da Global Education Monitor 2024, 47% da população brasileira considera a educação do Brasil ruim.
Creio que este tema daria uma boa discussão onde se encontram os nossos representantes. Faltam políticas públicas e profissionais engajados dentro das escolas para que o hábito seja difundido. Entretanto, antes de pensarmos em jogar a culpa nas escolas e na política, devemos olhar para dentro de casa. Estamos criando hábitos e dando exemplos aos nossos filhos em relação à leitura? Claro que não. Preferem presentear seus filhos com celulares de última geração ao invés de comprar um livro, porque acham este muito caro. Agora eu te pergunto, querido leitor: quantos livros você leu neste ano? Quantos livros você comprou para o seu filho? Bons exemplos vêm de casa e se disseminam na escola e na sociedade. É preciso parar e pensar: que tipo de cidadão estamos educando para a vida: um ser crítico que coloca a sua prática de leitura em suas vivências sociais e pessoais ou um jogador de tigrinho que sonha em ser famoso com dancinhas e conteúdos sem utilidade nenhuma? Pensemo-nos.