Relatos da docência – Parte III

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Geralmente o aluno quando chega ao sexto ano, sempre vem com certa dificuldade de aprendizagem, mas não devemos permitir que este mesmo aluno chegue sem saber ler e escrever. Isso aconteceu numa escola na qual eu lecionava. Eu fazia parte daqueles professores intitulados de PAA. Era um sistema adotado pelo governo para suprir a falta de professores na rede. Era um cargo onde lecionávamos em todas as matérias.  Naquele ano – o –único ano – eu trabalhei com esse projeto e também fui padrinho de um sexto ano. A sala era muito numerosa com vários alunos com dificuldades de aprendizagem. Era feita uma avaliação diagnóstica para saber quais alunos teríamos que trabalhar diferente dos demais. Este trabalho consistia em organizar uma turma – aquela que não tinha atingido a nota na avaliação diagnóstica – e praticar escrita, leitura e interpretação. Porém, neste mesmo grupo havia uma criança que não sabia ler e nem escrever. Percebi que ela escrevia o que estava na lousa, chamada por nós professores de aluno copista. Mas ela não sabia ler o que estava sendo copiado muito menos entender. Sendo assim, tive que fazer um trabalho separado dos demais. Uma hora por dia eu a atirava da sala e comecei um processo de alfabetização utilizando alfabeto móvel, pequenas produções e fora o trabalho psicológico exercido para que ela não desistisse das aulas e a cada dia mais se sentisse interessada em aprender. Ela vinha de uma família muito problemática onde os pais eram usuários de drogas e ex- presidiários. Pelo histórico já percebemos o quanto é difícil tirarmos proveito de uma criança oriunda de muitos problemas familiares. Primeiramente foi preciso ganhar confiança e motivá-la. Eu percebia que ela não gostava de fazer trabalho em grupos pelo fato de não saber ler e escrever. Foi por isso que decidi fazer um trabalho individual. Com o tempo ela foi escrevendo suas histórias através de um trabalho de reescrita; posteriormente começou a ler com mais segurança. Ainda que se atropelasse em algumas palavras, a leitura fluía gradativamente. Quando ela se sentiu segura, começou a ler alguns textos em sala, principalmente os que ela havia escrito. Quando eu percebi que ela tinha chegado a este nível, senti-me feliz. Fui um trabalho árduo que eu tinha a certeza de que eu conseguiria o meu objetivo. Lembro-me que no final daquele ano letivo, recebi uma carta com que iniciava assim: “ Só consegui escrever esta cartinha porque foi o senhor quem me ajudou a ver como funciona as letras dentro dela”. Eu poderia ter tido um ano péssimo – ainda bem que não foi -, mas nada me tiraria àquela felicidade de ver um aluno que mal sabia ler e escrever e de repente te escreve uma carta muito simples, mas exacerbada de sentimentos e gratidão.

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