Relatos da docência – Parte I

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A partir dessa semana quero compartilhar com vocês, caros leitores, algumas experiências que tive até agora na minha tão querida amada docência. Inicio contando a história de L.M.A, aluno de um quinto ano de uma conceituada escola na qual tenho muito respeito e carinho. Dias antes de assumir a sala, tive uma prosa com a coordenadora para uma orientação de um aluno daquele mesmo quinto ano que tinha síndrome de Asperger. Confesso que não sabia do que se tratava até ela resumir o nome para autismo. Um pequeno grau do autismo. Particularmente sempre gostei desses desafios; de ensinar aqueles que carregam certa dificuldade e mostrá-los o quanto são capazes de fazer coisas extraordinárias. O mais instigante diante de tudo isso foi que a mãe desse aluno me enviou vários livros sobre como lidar com o comportamento de quem possui a síndrome. Lembro-me de ter devorado aquelas folhas para poder desempenhar um papel importantíssimo na vida daquele aluno. Todo tipo de trabalho, inclusive as avaliações, não poderiam ser igual aos demais da sala. Comecei a elaborar provas com questões de alternativa, porque eu percebia que ele associava a pergunta com a alternativa correta. L.M.A era apaixonado por futebol e programas de televisão. Inseri então todo esse contexto para explanar um pouco da produção de texto e consequentemente trabalhar a criatividade do aluno. Sem ele perceber, eu usava muito a oralidade para elaborar algumas questões relacionadas a história, ciências e gramática. Tudo era contextualizado dentro daquele mundinho em que ele vivia. Um mundo só dele que acabou chamando a minha atenção. Aquele olhar desviado que ele tinha no começo ( característica de uma criança autista de não olhar nos olhos de quem ela está dialogando) passou a se fixar nos olhos meus. Isso passava confiança e demonstrava confiança. A partir daquele momento em que percebi aquele olhar pulcro e fiel, comecei a perceber a sua evolução como aluno e pessoa. Passei a estudar mais sobre o assunto e a cada dia eu elaborava as aulas para que ele se inserisse na realidade do restante da sala. O diálogo com o restante era frequente. Eles tinham que conviver com essas diferenças. Tinham que entender que nem todos são iguais e que as diferenças existem e que deveriam ser respeitadas. Tive todo o apoio dos pais. Isso foi fundamental para eu poder elaborar o meu trabalho com louvores. Este amálgama de família e escola fez com que aquele ano letivo me marcasse não apenas de uma forma profissional, mas sim de uma forma humana. Aprendi muito com este querido aluno no qual até hoje tenho contato, principalmente nos bate papos nas redes sociais em que tratamos de assuntos que eram tratados naquela época – o futebol. Tenho-o como uma marca muito importante de experiência, amizade e acima de tudo como superação. Ele é a prova de que o trabalho feito com amor gera os mais doces frutos que a natureza pode nos dar. Basta semeá-lo com dedicação, profissionalismo, ética e respeito para poder provar desse doce mel que é a vida de quem exerce a profissão com amor.

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