Rei Arthur Tupiniquim

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O Brasil também tem as suas histórias de heróis. Diferente daquelas que não sabemos da sua veracidade e procedência, as nossas são realistas e comoventes. Temos a história de um pequeno rei chamado Arthur. Rei Arthur. Sentiu a realidade do seu povo antes mesmo de vir ao mundo. Possuía uma única armadura – o ventre. Este que tanto o amou e protegeu. Tantos planos foram feitos para que ele pudesse reinar na pacificidade das suas terras. Tantas cantigas cantadas e diálogos pela noite a fora. O pequeno rei não tinha ideia do que o aguardava fora do seu local que tanto o protegia. A bala que era para adoçar a sua vinda ao mundo veio com gosto de ferro. Entrou queimando. Atingiu seus pulmões, ombros e vertebras. O vermelho não era de frutas, mas sim de sangue. A expressão não era de prazer em contentar um alimento; era de desespero. O pequeno rei veio ao mundo não como um cidadão, mas sim como uma vítima. Não teve sua certidão de nascimento. Seu primeiro documento em vida foi feito pelo doutor Burocracia; seu último, a certidão de óbito. Os cavaleiros até tentaram salvar o rei que tanto amavam, mas as feridas deixadas pelo seu inimigo foram mais fortes que ele. Se sobrevivesse, não poderia usufruir das suas pernas para andejar em verdes pastos. Não poderia correr atrás de um canto de um sabiá e nem saber como as aves gorjeiam. Não poderia subir nas palmeiras, nem correr pelos bosques cheios de vida, pois a sua já não tinha mais amores. Não deu tempo. O ventre que o protegia agora está em prantos. A única lembrança que terá do pequeno rei são as cicatrizes que o mundo que ele não conheceu deixou. Vossa majestade virou estatística da má educação que o seu povo tem. Esta que gera soldados que lutam contra o progresso do seu país. Que derramam sangue por fatos banais. Matam simplesmente por matar. Arruínam famílias e reinados. Destroem clãs lendários. Deixam marcas psicológicas das mais dolorosas. Talvez este fosse o destino do pequeno rei. Ele não poderia reinar num país balburdiado pelo ódio e pela injustiça. Não aguentaria ver os seus súditos passando fome, odiando-se e tendo uma má qualidade na educação. Eles tiraram a vida de uma pequena majestade, mas deram a vida a um pequeno anjo que cuidará para que outros súditos não tenham o mesmo fim que ele teve.

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