Pergunto-me qual seria a reação dos fiéis se Jesus voltasse a terra sendo uma pessoa negra. As pessoas deixariam de acreditar na igreja por ele ser negro ou continuariam amando-o independente da cor da pele? Criaram uma imagem de um cristo branco e de olhos azuis. Será que esta criação contribuiu para o aumento de fiéis? Se Cristo perdesse seus devotos por ele ser um negro, a humanidade estaria condenada. Não sou um católico devoto, mas creio em Deus pai todo poderoso. E por crer na sua palavra me questiono sobre algumas condutas que a humanidade tem em relação ao outro. Não quero falar de raças, mas sim de humanos. Não quero falar de cor, mas sim de amor e conduta. Não quero falar de religião, mas sim de diversidade e respeito. Quero falar sobre o ódio que as pessoas têm sobre o próximo. Quero falar dos ataques de seres humanos contra a sua própria espécie. Não basta apenas falar; tem que chocar.
O racismo não está na religião, mas sim na criação de cada indivíduo. Não se nasce racista. Não se trata de um fator genético. O racista se cria na forma como educamos o individuo para a sociedade. É na criação da família e da escola que nascem os racistas. É na falta de cultura e de leitura que eles nascem. Não vejo ninguém glorificando os orixás. Sabe por quê? Porque são entidades negras pertencentes a uma matriz religiosa africana. O racismo existe até quando as desmerecemos, quando “ chutamos a macumba”. Isto é cultural, infelizmente.
Carregamos um fardo histórico em relação à escravidão. E me parece que a cada dia que passa estamos presos num Brasil império abastado de preconceito e dominado pelas elites. A mentalidade parece estagnada; o povo, mais atrasado do que nunca. A palavra “subdesenvolvida” e a expressão “ terceiro mundo” não fazem referência apenas às questões econômicas deste país. Fazem, também, parte da mentalidade do povo. Este mesmo povo que tem Cristo no peito e o preconceito no coração.
Juro-te que se um dia eu tivesse a oportunidade de conversar com Jesus – sendo ele um homem negro – eu falaria de todas as injúrias e as injustiças que aqui fizeram com o povo negro. Apontaria todos os dedos possíveis para mostrar o quão pecador é o povo que nele crê. Convocaria uma reunião com todos os deuses e santos possíveis para falarmos do racismos e dos racistas. Ah, o juízo final seria uma baita de uma aula de moralidade, amor e respeito. Sem vingança, apenas aprendizado. Já basta!