O ano é de 2050. Não há educadores na rede municipal e estadual de ensino. Os poucos professores que restavam estão se aposentando. Este ano de 2050 completa trinta anos do fechamento dos cursos de licenciatura pelas faculdades estaduais, federais e privadas. A docência se tornou luxo. O professor está mais valorizado, mas esta se deu muito tarde. Por mais que o salário tenha aumentado, a dificuldade de lidar com os alunos não mudou de 2016 para cá. As famílias diminuíram. O conceito de educação familiar se perdeu com o tempo. A questão cultural dos alunos influenciou negativamente em suas vidas. Esqueceram a importância dos livros para viver apenas de tecnologia. O mundo tentou substituir o professor pelas máquinas. Em vão. Faltou o lado da pedagogia do amor que só existe na docência humana. As salas estão menores, mas o trabalho é o mesmo. Árduo. As crianças não brincam de ser professor, pois sabem da realidade caótica em que vivem esses profissionais. Os clássicos se perderam com o tempo dando espaço aos nomes intitulados de “Youtubers”. Os adolescentes estão envolto de coisas banais. Esqueceram de que um dia viveram em terras brasileiras pessoas como Vinicius de Moraes, Machado de Assis, Mario Quintana entre outros. A Leitura é escassa. As grandes empresas não procuram apenas profissionais bem graduados, mas sim que falam e escrevem bem o português. Isso é raro. Dominam vários idiomas, mas não dominam a língua materna. O professor fez falta. Na verdade o bom professor fez falta. O sistema começou a contratar qualquer formação para assumir a docência. Isso fez com que a qualidade de ensino caísse drasticamente. Pessoas sem pedagogia alguma começaram a assumir a frente das salas. O sistema está recontratando os docentes aposentados. Ao invés do contrata-se, estão distribuindo avisos – “Procura-se professor com formação de professor”. Na verdade estes ainda são poucos. Professor não se forma. Ele nasce com a docência no espírito. Ter uma formação na docência é diferente de ter a docência consigo. Por esse motivo existem várias placas de “procura-se”. Valorizaram a docência tarde demais. Não há mais tempo para corrigir os erros. A educação neste ano de 2050 se tornou tudo àquilo que nós esperávamos quando lutávamos por melhores salários e melhores condições de trabalho. O que esperávamos acontecer se a família não caminhasse junto, foi um dos primeiros problemas que aparecerem. Isto fez que com a arte de lecionar tivesse menos interesse. Acabou-se. Professor é luxo.