Como professor, escritor e amante da leitura, em meu estado onírico vejo crianças por todo os cantos da cidade com um livro na mão. Mas é claro que esse “sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade.” Este sonho para ser concretizado não precisa de apoio político. Basta força de vontade das associações dos moradores de cada bairro. Vamos pensar o seguinte: temos apenas uma biblioteca municipal e as demais são dentro das próprias escolas – municipais e estaduais. Suponhamos que um morador do Centenário, Vera Cruz ou Real Paraíso quisesse retirar um livro. Qual é a biblioteca mais próxima desse leitor? Nenhuma. Olha a distância que ele teria que percorrer para adquiri- lo. Em tempos de crise literária, seria uma péssima motivação para a população leitora e para àqueles que desejam iniciar uma vida literária. Segundo o Estatuto da Associação do Bairro diz que a entidade terá como objetivo “viabilizar serviços comunitários para os associados da entidade no âmbito da educação, cultura, recreação, lazer, saúde entre outros”. Tudo bem que o lazer é importante, o esporte é essencial, mas e a educação? Quais são os projetos das associações voltados para a educação? Tempos atrás me reuni com alguns integrantes da associação do bairro no qual eu morava e fiz a seguinte proposta: promover uma tenda literária aos finais de semana com livros da própria comunidade. A ideia era fazer um mutirão e ir de casa em casa recolhendo livros para que este projeto se concretizasse. Antes disso eu já havia procurado várias pessoas no intuito de promover à leitura no bairro e se possível até a construção de uma minibiblioteca. Resultado: é educação e educação não gera lucro e nem dá ibope a ninguém.
Pensando neste conceito de que a leitura tem que ir ao encontro do povo e não só o povo ir ao encontro da leitura, creio que esse projeto de instalação de minibibliotecas em cada bairro da cidade despertaria a vontade que existe em cada cidadão de ter contato com os livros. Vamos pensar mais em projetos locais relacionados à educação. Para isso precisamos de pessoas que se importem com os moradores e que deixem de pensar que lazer e esporte é o suficiente para ter um bom convívio. Educação é a base e leitura é essencial para se formar um cidadão. É um colírio para os olhos ver uma criança brincando e se divertindo. Mas é fundamental que possamos enxergá-la com um olhar de esperança portando um livro do que uma arma na mão.