É difícil encontrar uma pessoa que não se sinta, em algum momento da vida ou em vários, sobrecarregada. Em todos os sentidos, física e emocionalmente. Finais de ano são propícios para que estas sensações e sentimentos aumentem e extravasem.
É o momento, também, em que tradicionalmente nos propomos a recordar e revisar. E nesta revisão cabe avaliar as situações que nos geram estresse ou nos fazem mal e que comprometem nossa saúde e qualidade de vida.
Fazemos demais, esperamos demais. Queremos demais. E isto cansa. Porque a companhia da expectativa é a frustração. Se criamos altas expectativas, principalmente baseada na vida e nas conquistas do outro – a tendência é termos altas frustrações porque muita coisa – muitas mesmo – do que vivemos hoje em dia não é real.
Ser de verdade está difícil. E encontrar pessoas de verdade, também. A cultura do stalkear as vidas em redes sociais nos levou a uma doença séria: não saber distinguir o que é real do que é propaganda. E acreditar que o que se vende é o que deve ser vivido – ou alcançado – por todos.
E nesta louca busca por ser um pouco do que o outro é, manter relacionamentos perfeitos em fotos perfeitas e mesmo se ver completamente insatisfeitos com que o temos, porque sempre tem alguém postando algo melhor, estamos destruindo nossa saúde mental.
E ficando cada vez mais longe da realização, dos momentos de alegria, da riqueza das coisas simples – e importantes – da vida.
E nossas crianças e jovens, então? Nada os satisfaz. Nada está bom o suficiente. Nos esforçamos para dar nosso melhor, muitas vezes provendo muito mais do que o necessário, e no momento seguinte eles já estão entediados ou desinteressados, querendo alguma outra coisa qualquer que viram em um vídeo da rede do tik.
E este comportamento vira um ciclo interminável de insatisfação e frustrações. Para todos os lados. Para os adultos, para as crianças. Para os pais e para os filhos. Para o mundo.
É duro nadar contra a corrente. Mas, talvez, este seja um dos únicos movimentos possíveis para nos levar para um lugar diferente. Um lugar de ser. Um lugar de saber estar no momento em que se vive. No hoje. No real.
E, sim. Ter sonhos e alimentá-los. Traçar metas e objetivos e construir o caminho até eles. Porque as pessoas não querem mais o processo, querem só o resultado. E não há nada mais irreal do que achar que se chega a algum lugar sem percorrer o caminho que leva até ele.
Há mais beleza no caminho do que estamos conseguindo, ou aceitando, ver. Reveja tudo isto e acrescente leveza na sua vida. Vai valer a pena.
