Não há nada mais confortante do que um abraço. Todos os problemas do mundo são cessados quando abraçamos. Nossos ombros suportam tantas dores que ao abraçarmos um ao outro, não sentimos o peso dos problemas. Abraços são curas de alma. Uma cura a outra. Disseram-me que é como a água; não se nega. Acrescento: é como a ressurreição; ao abraçarmos, sentimo-nos vivos. Somos tirados de dentro da nossa cova que fora cavada pela tristeza e melancolia. O abraço ressuscita qualquer alma que caminha pelos vales da sombra da morte.
Mesmo quando há ressentimentos, ele cura. Porque todas as mágoas são curadas no abraço. Sua linguagem é universal. Ele consegue dialogar pelo gesto. Os corações se tocam, mesmo que descompassados, a fim de um sentir a tristeza ou a alegria do outro. É uma das únicas linguagens que não precisa dizer uma palavra para entendê-la. O gesto já diz tudo.
Na sua etimologia, a palavra vem do latim “amplexos” que significa “dobrar”, “entrelaçar”. Os braços se entrelaçam em forma de restauração. Corpo e alma se restauram quando abraçamos o outro e quando somos abraçados. Não há dor no mundo que resista a esse gesto. Ali, morre a solidão, a tristeza, a carência e, na minoria dos casos, as dores físicas. Ele é capaz de sentir nossas dores causadas pelas sobrecargas emocionais. Para se chegar a esse nível, o abraço precisa ser fiel e verdadeiro. É um dos únicos movimentos corporais que dialoga sem dizer uma única palavra e cura sem nenhuma prescrição. Anne Frank já dizia: “Os abraços foram feitos para expressar o que as palavras deixam a desejar”. É isto.
O abraço pode reacender chamas que se apagam ou que achamos que estavam apagadas. Se verdadeiro, muda até mesmo os nossos destinos. Não há nada mais pacífico do que os corpos entrelaçados. O mundo precisa ser mais abraçado para que todo o ódio disseminado seja derrotado no gesto, e não nas armas, nas balas e nas bombas. Todavia, abraçar é para quem tem humanidade e empatia. É saber sentir a dor do outro. É enxergar que tudo o que o outro precisa é de um abraço forte, daqueles que estralam nossos ossos castigados pela melancolia e pela solidão. Às vezes, o que precisamos é apenas um abraço. Já diz muito sobre os nossos sentimentos. Abraçar-nos-emos!