Oração contra a Covid

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09 de março de 2020: Confirmados 25 casos de Coronavírus no Brasil e 930 suspeitos. Do total, 4 foram por transmissão local e 21 casos importados. Os estados com casos confirmados são São Paulo (16), Rio de Janeiro (3), Bahia (2), Alagoas (1), Espírito Santo (1), Minas Gerais (1) e Distrito Federal (1).
09 de março de 2021: O país registrou 1.954 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas – o maior número desde o começo da pandemia – e totalizou, nesta terça-feira (9), 268.568 óbitos. Com isso, a média móvel de mortes no Brasil nos últimos sete dias chegou a 1.572, também um recorde. Em comparação à média de 14 dias atrás, a variação foi de 39%, indicando tendência de alta nos óbitos pela doença.
Não é necessário discorrer sobre tudo o que aconteceu entre esses dois dias 9 de março, embora ainda tenha muita gente que não acredita no poder do vírus, na letalidade da doença e, a despeito de ela estar infectando e matando pessoas pelo mundo inteiro, ainda há quem ache que tudo não passa de um golpe político para atrapalhar e tentar derrubar o governo do presidente Bolsonaro, que governa este país como se brincasse de casinha e que, no dia 5 de abril de 2020, se ajoelhou diante de um pastor em frente ao Palácio da Alvorada e ouviu dele a “profecia” de que não haveria mortes provocadas pelo Coronavírus no Brasil. Parece que ele acreditou na previsão, a ponto de achar que os 268.568 brasileiros enterrados pela Covid, sem direito sequer a um velório digno, estejam, na verdade, brincando de mortos.
Como muitos montealtenses, recebi um vídeo comovente da nossa prefeita pedindo a ajuda da população. Uma semana antes da manifestação da Maria Helena, o prefeito de Mogi Guaçu, onde morei nos últimos cinco anos, decretou lockdown na cidade e recebeu uma enxurrada de protestos e críticas, pois, em Monte Alto, Mogi Guaçu ou qualquer outro lugar deste país, parece que o comércio e os negócios importam mais do que vidas humanas. Já faz um bom tempo que evito mergulhar nas notícias sobre a doença, porque, se continuasse fazendo isso, corria o risco de morrer de raiva, em vez de Covid-19. Mas, chega uma hora que não dá para evitar falar sobre o assunto, atualizar as informações, refletir sobre essa tragédia imensa que está aí, na nossa cara. Aquilo que, há um ano, parecia tão distante, se tornou a triste realidade de quase dois mil mortos por dia, fazendo do Brasil um dos países com a situação mais alarmante, com novas cepas e progressivo e exponencial aumento do número de contaminações e de mortes, caos econômico, crises políticas, ações desesperadas, pessoas em pânico e muitos chorando suas perdas.
Esta semana, como tenho feito nos últimos tempos, não iria escrever sobre o Coronavírus, meu tema era outro, meu artigo já estava pronto e entregue para a redação do jornal, falando de um antigo professor de Filosofia, cujo livro de poesia encontrei ao arrumar as prateleiras da estante. No entanto, uma conversa de amanhecer com minha grande amiga Taína Collatrelli me fez mudar de ideia. Falamos sobre os trechos dos Evangelhos de Lucas e Mateus que dizem: “Naquela noite dois estarão em uma cama: um será tirado e o outro será deixado; duas mulheres estarão moendo juntas: uma será tomada e a outra será deixada. Dois homens estarão no campo: um será levado e o outro será deixado.” Essas passagens suscitam muitas interpretações, mas, elas bem podem estar se referindo ao terrível momento vivido pela humanidade. Todos os dias estamos vendo um cair ao nosso lado, outro logo ali na esquina, na cidade vizinha, no outro lado do planeta.
Por mais céticos que sejamos, todos já pensamos, ao menos uma vez na vida, sobre o fim do mundo. Mas, quando tentamos refletir sobre esses tempos apocalípticos, pela vertente da religião, da ciência ou das ficções literárias e cinematográficas, a primeira imagem que nos vem é a de uma guerra nuclear, bombas destruindo partes do planeta e dizimando um grande contingente da população. Porém, esse mérito da autodestruição parece ter sido tirado do homem. Não são as guerras, as bombas, as armas, os fronts e as trincheiras que estão ameaçando nossas vidas. O inimigo é tão menor que isso tudo que nem o vemos; tão menor que muitos ainda nem acreditam nele, embora ele esteja aí fora, poderoso, mutante e, até o momento, imbatível.
Não acredito que seja o fim do mundo, simplesmente porque não acredito no fim do mundo. O que estamos vivendo é um período de transição, para que a Terra se torne um mundo de regeneração, para que venha sobre nós a prometida Jerusalém Celeste. Mas, para que essa transição ocorra, para que a mudança aconteça, este mundo precisa ser habitado por pessoas melhores que nós e elas já estão chegando, com um nível de conhecimento e iluminação que nos deixa tontos. Nunca tivemos crianças como as temos hoje, nem mesmo os grandes gênios da humanidade chegaram ao planeta tão preparados. Mas, o que de fato entristece é que há gente lá fora que não acredita nisso tudo e, exatamente por isso, está lá fora…
Os que acreditam, têm rezado mais, têm buscado mais a espiritualidade, mas, até mesmo nas nossas orações nós somos tremendamente egoístas. Temos feito dois tipos básicos de oração: primeiro, pedimos a Deus para livrar a nós e a nossos familiares da Covid-19. Depois, pedimos pelo fim da pandemia, pela cura do planeta, pela descoberta da vacina. Essas duas orações são legítimas, pois, não é errado pedirmos pela nossa saúde e pela saúde dos nossos e também não é errado pedir pelo fim de uma peste que ameaça dizimar a nossa espécie. No entanto, essas duas orações estão centradas no egoísmo, que é o que há de pior em nós. Quando peço para não ser contaminada com o vírus, estou centrada em mim e quando peço para que meus pais, meus filhos, meu cônjuge, meus irmãos, meus melhores amigos também não peguem a doença, continuo centrada em mim. Parece absurdo isso, mas a nossa preocupação maior não é que essas pessoas queridas adoeçam e morram. Quando rezo, peço a Deus para que elas não adoeçam e não morram para que EU não sofra com isso. E quando pedimos pela cura da pandemia, pela libertação do planeta desse vírus tão nocivo, ainda estamos no centro, pedindo que Deus limpe essa sujeira toda para que possamos continuar curtindo, nos divertindo, usufruindo de tudo o que tem lá fora e que não estamos podendo aproveitar.
É muito difícil, mas, a oração mais digna que poderíamos fazer agora seria pedir para não atrapalhar e dizer, com toda sinceridade: “Se um será levado e o outro será deixado, se for eu o que atrapalha, Senhor, que eu seja, então, levado, para que este planeta sare.” Sim, é preciso que o planeta sare, mas não apenas da pandemia, não apenas da Covid, porque, se conseguirmos a vacina e não nos modificarmos, daqui a pouco virá outra doença pior ou a tão temida guerra. Se vivemos num mundo em que prefeitos de pequenas cidades precisam ir às redes implorar para que as pessoas não saiam de casa, para que possam cuidar daqueles que estão nos corredores dos hospitais, esperando vaga na UTI, sem leito, sem respirador, enquanto outros estão fazendo festa, fazendo churrasco no fim de semana, andando por aí sem máscara, se arriscando e disseminando a doença, então a oração que estamos fazendo está muito longe de ser a oração certa. Não é contra a Covid que devemos rezar, mas contra o nosso egoísmo. E se eu já não acrescento, que possa ter a dignidade de dobrar os meus joelhos e pedir a Deus que permita que fiquem aqui e que venham para cá pessoas melhores que eu, pessoas em condições de fazer por essa Terra e por essa humanidade aquilo que eu não tenho capacidade de fazer.

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