SEMPRE IDEM
Escrever que já foi uma arte menor, importante eram a pintura e a escultura, atualmente está ficando difícil. Os temas, se específicos não são lidos, dado que se tornam genéricos; se gerais, perdem o interesse do leitor. Os escritores e jornalistas da mídia tradicional encontram uma concorrência universal, nos veículos digitais, de qualidade duvidosa e veracidade sem comprovação.
Na internete todos escrevem sobre tudo, como se entendessem de todos os assuntos e tudo passa a ser manifestação opinativa. Se tudo é opinião, nada é verdade e todos tem razão. Surgem nesse meio os seguidores, que teclam um sinal e se tornam gênios, contrariando a máxima socrática, que da clássica quanto mais sei mais sei que nada sei, se torna a filosófica; quanto menos sei mais parece que eu sei. A pintura citada acima sofreu uma concorrência com a fotografia, que ao ver uma foto se diz: parece uma pintura!
Vale dizer quando se lê textos de internautas de plantão: parece escrita!
CARTA RÉGIA
Em 1824, dois anos após a Independência do Brasil, sofrendo pressões populares, o Imperador D. Pedro I promulgou a primeira constituição do país, finalizada pelos constituintes seis meses antes. Era o documento oficial do nascimento do mais novo país do mundo e da mais nova monarquia.
Até os EUA, que tinha uma constituição de ponta, mostraram admiração pela carta brasileira, que entre outras abordagens à altura do século XIX e do primeiro mundo americano, permitia o voto ao analfabeto, o que os norte-americanos não permitiam. Logo em 1824 haveria eleições para o parlamento e além dos eleitores cadastrados como cidadãos plenos, iniciou-se o cadastro dos analfabetos. Convém lembrar que no Brasil de 1822, noventa por cento da população era analfabeta.
O Brasil daquela época era a mesma farsa atual em matéria de eleições. Para o analfabeto exercer seu direito de voto, tinha que ASSINAR um requerimento manifestando sua vontade. Como analfabeto não tinha condições de assinar, o que não era impedimento para exercer o direito de voto, bastava nomear um procurador eleitoral para se cadastrar. A nomeação desse procurador necessitava de uma indicação assinada em cartório oficial. Aceitando-se o fato que no cartório ele, o analfabeto, conseguisse fazer um xis – o então indicado votava por ele no dia da eleição e o voto seria somado como se fosse do analfabeto. Tudo Made in Brazil.
TERRA NOSSA
Lá pela década de 1960, um bar de Monte Alto com chapa quente fazia um lanche disputado pelos clientes, principalmente os jovens, que eram nós. Havia uma espera de uma hora em média, que era proposital para garantir as cervejas e os refrigerantes. Sem revelar o nome do bar e do chapeiro, para evitar constrangimento aos familiares que ainda vivem na cidade, a gente conta um fato verdadeiro.
O chapeiro perguntava se o lanche era com ou sem queijo, depois da resposta ele dava uma cuspidinha nas mãos, cortava o pão de fio, recheava e prensava o lanche manualmente sobre a chapa. O sabor não tinha igual!
FACADA
No dia 05/11/1897 chegou ao Rio de Janeiro, o ministro da guerra, do governo Prudente de Moraes, o 3º da república, General Carlos Machado de Bittencourt, como herói da Guerra de Canudos. Durante o evento o general e o presidente foram aplaudidos, em desfile de carro aberto nas ruas. Quando deixaram o carro para cumprimentar o povo, surgiu um cidadão armado com uma garrucha e desferiu um tiro no presidente, que falhou; desferiu o segundo, que falhou também. O agressor empunhou uma faca e antes que atingisse Morais, Bittencourt se colocou à frente como um escudo, levando uma facada mortal. Morreu ali mesmo.
No dia seguinte aconteceu o funeral com honras de herói. Ao voltar ao palácio, a primeira dama, Adelaide Morais, perguntou ao marido em que lado os tiros foram desferidos, ou tentados, o presidente apontou o lado direito do corpo. Adelaide, diante de vários ministros, colocou a mão no bolso do paletó do marido e retirou uma medalha da Nossa Senhora Aparecida, mostrando que ela o havia salvado.
A história correu o Brasil e até os opositores de Prudente de Morais, diante de apoio popular, passaram a seguidores e o congresso passou a apoiá-lo.
TRONO
A RAINHA DA Inglaterra, Elizabeth II, se tornou soberana porque era herdeira do Rei George II, coroado com a abdicação do irmão, que se casou com Wallis Simpson, uma norte-americana divorciada. Onde está escrito no texto rainha da Inglaterra acrescente-se e de mais 16 territórios, que foram o “commonwealth” que são Estados independentes, cada qual com seu governo e todos com a rainha na condição de Chefe de Estado. A palavra pode ser traduzida como bem estar comum. Os membros do sistema têm a proteção militar da Inglaterra, ainda a preferência para o comércio. Dois exemplos são a Austrália e o Canadá.
ARTE
O pintor renascentista, Boticheli, fez da pintura da obra do poeta Dante, a Divina Comédia, sua obra prima. Ao pintar o inferno ele destacou como hóspede do Diabo, Judas, Brutus e Cassius. Na avaliação dele outros notórios ficaram de fora porque eram “hours concuors”. (O termo não existia ainda, ele usava outro em italiano).
COSTELA
Os fregueses dos açougues que se levantavam às 5 da madrugada para comprar o bife de cada dia, não reclamavam dos açougueiros que embrulhavam a carne com jornal antes de levá-la para a balança. O jornal colocava na carne e a dificuldade para descolá-lo fazia a embalagem ir para a frigideira. Bife com notícia!