CATIVEIRO
Em todas as civilizações conhecidas desde a mais remota antiguidade, os povos se dividiam em homens livres e escravos, muitas vezes a população escrava era maior do que a livre. O colonizador português controlava a população escrava no Brasil através desse critério, os escravos não podiam ultrapassar em número os colonos livres, para se evitar rebeliões e até fuga em massa. O Haiti não observou esse critério e em 1810 aconteceu uma revolta dos negros escravos contra a opressão branca dos franceses que dominavam a ilha, que então se chamava São Domingos, sendo o resultado um verdadeiro massacre, devido ao alto número de negros, que mesmo desarmados, dizimaram a população branca, salvando um mínimo de brancos, porque coincidentemente havia alguns navios franceses ancorados na ilha, aguardando embarque de mercadorias. Menos de 10% conseguiram fugir para outras ilhas do Caribe, onde receberam apoio para embarcar para a França.
A introdução do tema foi abordada para um alerta sobre a volta da escravidão universal, não a conhecia tradicionalmente, que não existe oficialmente em nenhum local do mundo, salvo ilhas remotas na Polinésia, onde a dita civilização moderna não monitora ou exerce influência humanística. Quanto à escravidão extra oficial é inegável que existe em territórios pontuais no planeta, inclusive no Brasil. O perigo atual é a outra escravidão, a tecnológica, onde poucos controlarão todos através das redes sociais, na verdade plataformas que dominam a liberdade da maioria absoluta da população terrestre. Ninguém é obrigado a participar da tecnologia vendida como modernidade, podendo aderir ao efeito avestruz, mesmo assim será afetado porque ao redor de cada um, haverá a monitoração de um sistema inexpugnável da tecnologia de senzala. Enfim, cada um de nós estamos colocando no nosso pescoço um calor de ferro, não porque nos obrigam, mas porque aceitamos e procuramos – estamos pensando com um aplicativo no cérebro.
URBE
Praticamente todas as cidades do Brasil têm bairros denominados nobres. Não há justificativa para a suposta nobreza de morar, porque eles existem os mesmos problemas de habitação do que a chamada periferia, agora modernamente: comunidades.
Nos bairros nobres existem traficantes, bandidos, sujeira, brigas de família, roubos, assaltos, estupros e corrupção – principalmente esta última. Os que se dizem ricos, são os piores cidadãos, porque querem levar seu quinhão de vantagem.
Enfim, nos bairros nobres vivem os que mais sonegam impostos.
SINTOMA
Muitos gordos negam essa condição, se dizem robustos ou um pouco fora de forma. Os que dizem isso e querem uma prova, entrem em um taxi. Se o motorista, assim que você se sentar, perguntar: “quer que eu afaste o banco?” (Não responda nada, se toque, você é gordo).
ESCRAVIDÃO
Pela história, Pero Vaz de Caminha era o escrivão-mor da esquadra de Cabral, que veio dar no Brasil por acaso. Caminha era o escrivão-mór do El-rei, porém, tinha na equipe outros escribas, ele não podia olhar tudo e escrever ao mesmo tempo. Foram os auxiliares que depois da morte de Pero Vaz na batalha de Calicute escreveram suas impressões ao rei D. Manoel. Na primeira nau que partiu foram as cartas de Caminha e dos outros.
Quando recebeu a correspondência, o rei ficou sem entender uma parte da longa carta. Nela o escriba grafou: “os nativos de cá não têm F-L e R”. O rei venturoso mandou chamar um padre letrado para decifrar o que eram as três consoantes. Não é que o pároco sabia: os nativos não tinham fé, nem lei e nem rei.
Eram três coisas indispensáveis à vida na época. Ter fé, obedecer uma lei e ser súdito de um rei. O índio brasileiro tinha um mundo, porém, nada disso tudo.
FRASE
“Essa cidade tem cada vez mais monte e cada vez menos alto”. (Chico Pirombeta, filósofo de boteco).
FOLCLORE
Todos conhecem a história de Jânio Quadros, a carreira meteórica, a presidência da república e a renúncia. Também era conhecido pelos seus bilhetinhos como forma de despacho no gabinete em Brasília.
Certa vez ele escreveu um bilhete pedindo ao Ministro da Guerra, Marechal Costa e Silva (que um dia seria presidente), para marcar uma audiência com todos os ministros militares. O office boy foi entregar, logo voltou. Quando Jânio perguntou o que Costa e Silva havia dito, o moleque respondeu: “ele mandou o senhor enfiar em um certo lugar”. Dizem que Jânio respondeu, fazendo menção de baixar as calças: “então, faça-o – ele é milico – faça-o”. (Ele previa o que fariam os militares com o país em breve).
FARDA
O primeiro presidente militar da era 64/85 foi Castelo Branco. Seu sucessor foi Marechal Arthur da Costa e Silva, que no último ano do mandato sofreu um AVC e ficou impedido de governar. Seu vice, o civil Pedro Aleixo, não tomou posse, os militares não deixaram (os EUA também não). A presidência foi ocupada pelos três ministros militares. Foi a primeira vez na república que um triunvirato tomou o poder.
Em um programa de humor da TV Tupi, Ronaldo Golias, simulou que estava ligando para Brasília querendo falar com o presidente de plantão. O programa foi ao ar normalmente; no final, na saída da emissora, os soldados do exército estavam na porta, de metralhadora em punho, com a ordem de prisão na mão para o comediante e o produtor. Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, o dono da emissora, foi poupado – mesmo de farda verde quem tem tem medo!