GEOMONTE
O município de Monte Alto e outros vizinhos estão localizados sobre um solo montanhoso extenso. O território serrano é composto de montes, morros, vales e um sistema variado geograficamente. Tal como os aicebergues (Iceberg, em inglês) menos de dez por cento das serras estão na superfície territorial, o restante fica embaixo do solo a profundidades diversas, uma geografia típica dos fundos marítimos, que aqui há milhões de anos também foi. A fertilidade do solo do município de Monte Alto é o resultado de uma “adubação” geológica, composta de elementos que não existem mais no planeta, ou se existem, são raros.
Como nunca foi feita uma sondagem geológica em Monte Alto, com exceção daquela superficial da antiga Paulipetro, prospectando jazidas de petróleo, que não existem ou foram mal procuradas, nosso solo pode esconder riquezas minerais jamais imaginadas. Minério nobre não é mais ouro ou prata, agora está no topo, devido seu uso na tecnologia de ponta nuclear, o nióbio.
A exploração mineral no subsolo brasileiro é exclusivo da união; porém, para o município, o minério em si é o que o menos importa, o que faz a diferença é a infraestrutura municipal que surge com a exploração, além da participação nos impostos. Imaginem quantos empregos seriam gerados por uma empresa de mineração na cidade. Talvez seja esse o sonho da cidade, tal como registra o epíteto!
ROCHEDO
O complexo montanhoso mais famoso do mundo é Gilbratar. Um território que pertencia à Espanha perdido para a Inglaterra depois da Segunda Grande Guerra e agora volta aos espanhóis, depois de um acordo entre os países, que os ingleses abriram mão para ter o voto da Espanha no Brexit (A separação inglesa da União Europeia).
Gilbratar é na verdade um estreito que deixa uma passagem entre o Atlântico e o Mediterrâneo. Sem ela o Mediterrâneo não existiria porque nenhum rio desagua naquele mar, as chuvas não compensam a evaporação e o nível é mantido pelas águas do Atlântico. Os gregos chamavam Gilbratar de coluna de Hércules.
GOIABINHA
Os moradores novos de Monte Alto e os jovens nascidos aqui perguntam porque fala-se tanto da CRAI. Curiosos perguntam o que fez ela e o que foi. A gente explica que ao lado da Menina Izildinha, aquela indústria antiga é o maior ícone local. Ela foi uma indústria de produtos alimentícios, inaugurada na década de 40 e fechada no final dos anos 50. A empresa faliu criando uma comoção na cidade jamais vista antes ou depois.
Os antigos que vivenciaram a existência da CRAI dizem que o principal produto dela era a goiabada, vendida na embalagem de folha de flandres (lata). Muitos dizem que jamais houve outra igual. Para a informação dos que se lembram daquela goiabada e de quem deseja saboreá-la, a fórmula original está à venda, fabricada pela Reymax, cuja sede é em Cândido Rodrigues. O que mudou foi a embalagem, agora é vendida embalada em plástico, no sistema a vácuo.
FRUTOSE
A goiaba não é exclusiva do Brasil como a jabuticaba, ela veio da Ásia na época colonial trazida pelos lusos de suas colônias naquele continente. Se a velha CRAI existisse ainda, teríamos a goiabada em cubinhos cobertos de açúcar mascavo, embalada em sacos plásticos, própria para consumo no trabalho, porque a goiabada como é vendida agora, não é prática para consumo em escritórios, por exemplos:
A CRAI certamente estaria fabricando compota de goiaba em lata, adoçada com açúcar e também balas – isso mesmo – a bala de goiaba é deliciosa!
BEBIDA
No mundo existe apenas um chá, é aquele cuja maior produção é chinesa. A planta é um arbusto de cujas folhas, depois de fervidas, extrai-se uma infusão saborosa. O nome tornou-se genérico e surgiram chás de milhares de ervas, no Brasil a mais conhecida é a erva mate. Ela tem um sabor especial; porém, mesmo assim não é um chá – trata-se de uma infusão, como a infusão de hortelã, de cidreira e outras mais. O famoso chá das 5 na Inglaterra é realmente chá, os britânicos compravam o produto da China e depois cultivaram as mudas contrabandeadas.
ESPELEOLOGIA
Até o início dos anos 60 a entrada da Grande Caverna da Tabarana era visível do solo e seu acesso era feito por uma trilha oblíqua, que partia do solo no lado leste da serra. Quando se deu o início da dinamitação da serra do Barreiro para a construção da rodovia que liga a cidade a Vista Alegre, o bloco monolítico era enorme e várias cargas foram necessárias. Elas abalaram todo o complexo serrano fazendo com que a entrada da Grande Caverna desmoronasse, como a terra sobre a rocha era composta de húmus, a vegetação em curto tempo lacrou de vez a famosa gruta.
Ficou conhecida como a Caverna com lendas e histórias críveis e não. Em 1962 conheci o senhor Benedito, um negro, com mais de 70 anos, que dizia ser bisneto de escravos. Ele contava que seu bisavô dizia que escravos fugidos das fazendas da região se escondiam na caverna, até as coisas ficarem calmas, para saírem à procura de um quilombo. Disse que certa vez, quando o Capitão do Mato (caçador de escravos fugitivos) soube que havia negros lá, não tendo como subir, colocou fogo na encosta e a fumaça matou sufocados cinco fugitivos. Desde então, os fantasmas assombram o local. Em 1962, eu e cinco moleques fomos até lá, vimos a entrada, estudamos a picada; porém, ninguém subiu. Foi a última visão do local!