DURA LEX
Lei é lei! Essa afirmação era muito usada no Brasil, para justificar a aplicação de leis punitivas de toda ordem. Com o tempo foi se descobrindo que nem sempre a lei é lei, porque não é obedecida ou aplicada e ainda é, muitas vezes, interpretada. Ora, a lei! Também foi outra frase muito citada para a justificativa do desprezo pela lei. Fora tudo isso tem a velha tese: a lei não pegou!
Vejam o que são leis no Brasil: para dirigir um veículo o cidadão precisa cumprir uma série de leis, como se registrar numa auto escola, praticar com veículos especiais, estudar os regulamentos de trânsito e depois de um determinado tempo requerer um documento para habilitação a circular dirigindo um veículo, que é a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), vulgarmente chamada de carta, porque no início da era automobilística, no Rio de Janeiro, capital da república, o delegado de polícia redigia e assinava uma carta autorizando o cidadão a dirigir veículos a motor. No tempo das carruagens movidas pela força animal, o cocheiro também recebia documento semelhante.
A lei que obriga o porte da CNH é justa, deveria ser até mais rigorosa. O que se torna um absurdo é que para o cidadão dirigir uma cidade, um estado-membro da união e ela própria, basta a filiação a um partido político e um registro da candidatura no TSE. Uma vez registrada, a candidatura é submetida à aprovação popular através do voto, ou seja, os despreparados são escolhidos pelos leigos em geral, já que o eleitor tem um documento, o Título de Eleitor, que é emitido pelo Estado, sem exigências como cursos políticos, morais e de qualquer ordem. Até o analfabeto tem o direito de votar, sem saber escrever o próprio nome, pode escolher nomes de terceiros.
Os banheiros públicos estampam aquelas figurinhas representando os sexos para orientar o analfabeto, que não consegue ler Ele ou Ela. Se o sujeito erra de banheiro, imagine o quanto erra de candidato!
CONTO
Um velho cão vira-lata não encontrava latas para virar. Tudo era saco preto de plástico. A escassez de alimento o tornou portador do complexo de ser humano.
PLATAFORMA
A internete, símbolo da inteligência leiga, aceita tudo o que o usuário exige dela. Agora sumiu, mas existiu uma pergunta idiota inserida em alguns programas de curiosidades, que era: por que os pilotos kamicases usavam capacete?
A pergunta dava a entender que se eram suicidas não precisavam da proteção do capacete. Outra vez idiota: o capacete era necessário para que o som das aeronaves não confundisse o direcionamento do piloto, que poderia assim errar o alvo.
Em 1945, no oceano Pacífico, o Japão treinou 4.600 pilotos suicidas, cuja missão era jogar os aviões contra os navios dos EUA. Cada piloto morto contava-se centenas de marinheiros e soldados dizimados. Os kamicases eram recrutados nas universidades nipônicas. Eles aceitavam a missão porque acreditavam que seu imperador, Hiroito, era a encarnação humana de uma divindade, portanto, imortal.
Se era imortal, porque defende-lo dos ataques norte-americanos?
TABU
Ninguém lê poesia! Essa afirmação é falsa. A poesia é menos lida do que a prosa porque exige uma inteligência superior à normal do ser humano. Os poemas são mensagens registradas nas entrelinhas, ou seja, a leitura poética é feita onde nada está escrito grafologicamente.
O poeta ou a poeta (poetisa é uma denominação sem bom gosto) não escrevem o que querem, grafam o que o leitor quer ler ou consegue decifrar. As religiões, através das suas orações, se apossaram da poesia laica e a transformaram nas vozes das divindades.
MÍDIA
Quando criticamos a mídia, sempre há quem nos critica, dizendo que criticamos a nós mesmos, que militamos obviamente na própria mídia. A crítica não é para o conceito, é dirigida aos que fazem mau uso dos veículos midiáticos. Usando expressões faladas ou escritas sem qualquer fundamento lógico. Quem já não leu ou ouviu profissionais da mídia afirmando que uma determinada guerra foi injusta? Muito comum também é a frase: o tempo não estará bom amanhã, vai chover! Guerra justa não existe. Chuva é uma dádiva da natureza.
CRÔNICA
Certa manhã fui à casa do meu pai e mãe para uma visita básica. Ao chegar lá encontrei meu pai furioso. Quando perguntei a razão ele disse que durante a noite alguém teria entrado no seu quintal e roubado uma enxada novinha, com cabo e tudo.
Lembrei-lhe que se todo mundo no Brasil roubasse enxadas ou ferramentas de trabalho, o país seria uma potência laboriosa. Mesmo assim ele discordou: “que nada, o ladrão roubou a enxada para trocar com drogas, é um vagabundo”.
Fechei a questão, antes de comprar-lhe outra enxada para que pudesse capinar o quintal cheio de mato: pai, mesmo assim a enxada foi parar nas mãos de quem, de um jeito ou outro, vai usá-la; ou será que alguém vai usá-la como droga?
POLIS
Antes da ditadura militarizada (nunca foi miliar de fato) a escola pública no Brasil era de qualidade superior. Foi sucatada (não é sucateada) pelo regime, que introduziu no sistema educacional o início da escola particular, que enriqueceu oportunistas. Os militares tinham sua escola militar e pouco se importaram com o ensino popular. O resultado o país do Mobral assistiu nas carteiras e nas cartilhas.