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REPÚBLICA CADUCA
Na semana passada vimos na TV um “debate” entre os candidatos a presidente da república brasileira. Pobre Brasil! Não foi debate porque a palavra exprime uma exposição de ideias e projetos entre os oponentes. O critério dos organizadores para escolher os participantes, deixando de fora alguns pretendentes, foi duvidoso politicamente. O país todo clama por candidatos novos e no critério adotado foi convidar apenas os que tinham (ou tem) representantes no legislativo.
Um candidato novo obviamente não tem representação no senado ou na câmara, caso tenha, fica caracterizado que seu partido não é novidade política. O que vimos na TV foi uma troca de elogios para parecer que a unidade política é em nosso país uma unanimidade – uma falsidade sem tamanho. No pseudodebate, além dos citados elogios, apareceram biografias sobre a vida política, relatando feitos em governos passados municipais e estaduais, como se fossem conquistas pessoais e não obrigação governamental. Antes do programa a emissora vendeu o horário para uma religião, correto comercialmente, já que o país é laico e a liberdade de expressão é democrática, porém, parecia que o programa religioso pegou uma carona no horário do debate (pseudo), no qual candidatos lançavam mão de apelos de ordem religiosa como: em nome de Jesus, se Deus quiser, se Deus me ajudar, com a benção de Deus e de Jesus, ninguém apareceu com vela na mão porque não foi permitido. Parecia que a candidatura era para Papa.
Na programação estava prevista a participação de perguntas de jornalistas da emissora, nelas os perguntadores amaciaram, fazendo perguntas evasivas, desviando do real e dando ênfase às suposições. Isso é típico do Brasil, a mídia não quer correr risco, se apertar um candidato e ele chegar à presidência, as verbas publicitárias federais sumirão, são elas o sustentáculo das emissoras, o jornalista é funcionário das concessões públicas de rádio e TV, logo, obedecem os patrões. O eleitor vai votar em outubro – deve votar – não pelo que verá na propaganda gratuita (uma aberração política), mas pelo que não verá!

TÓPICO
Não faz muito tempo, uma leitora da coluna, na fila de um banco, disse que lia minha coluna todos os dias. Agradeci e observei que o jornal é semanário. Ela não perdeu a pose intelectual e respondeu: “eu sei, é que leio um pedaço por dia”.
É minha candidata a presidente!
Já que entrei na área de autoelogio, um senhor numa fila da lotérica (sempre fila) disse que não entendia nada, mas lia todas as semanas meus escritos.

JANÍADAS
Jânio da Silva Quadros foi o mais folclórico presidente do Brasil. Ele despachava através de bilhetinhos escritos a mão; para evitar falsificações, ele usava um carimbinho com seu nome. Todos que lhe pediam favores ele considerava e escrevia o bilhete para a repartição responsável, com o carimbo. Quando o interessado chegava ao local, o chefe que o atendia olhava o bilhete dizendo que não podia atender. Lia e em voz alta anunciava que no bilhete estava escrito para atender. Quando o interessado o indagava, ele mostrava: “olha aí, o carimbo está de ponta cabeça – é o código do veto!”.

DURA LEX
Até 1850 ninguém era proprietário de terras no Brasil. Eram signatários com propriedades doadas pela coroa portuguesa. A monarquia brasileira, iniciada em 1822 por D. Pedro I, respeitou os direitos dos beneficiados. Existia portugueses com fazendas do tamanho de um Estado atual. Todos os beneficiários pelas capitânias hereditárias e sesmarias temiam que um decreto imperial confiscasse suas terras. Não era intenção de D. Pedro I essa desapropriação, mesmo assim, a pressão para legalizar as posses era grande. Em 1850 o imperador decretou que os que estavam nas terras poderiam requerer a documentação nacional em cartório e quem quisesse poderia comprar terras. Era o nascimento dos latifúndios.

FILOS
Rodinha de conversa de quem não tem o que fazer. Surge o assunto morte. Cada um disse como queria morrer. Como era de se esperar, a maioria disse que morrer dormindo seria a preferência. Morrer de enfarte fulminante veio a seguir. Morte súbita teve um voto (isso não existe). Fui diferente: disse que queria morrer em um sebo sobre uma pilha de livros – segurando um volume dos Lusíadas (Primeira edição).

BOLETIM
Um escrivão de polícia sofreu um assalto na capital paulista. Era o ano de 2000, perdeu o relógio e a carteira com documentos. Como estava perto da delegacia onde trabalhava, não se deu ao trabalho de chamar a PM, seguindo para o trabalho. Ao chegar, narrou o fato para o delegado e foi à sua sala. Burocrata, dirigiu-se à mesa e deu início ao B.O. assim: “Eu, fulando, compareci perante mim…”

CULTURAL
No estado da Pensilvânia (EUA) um grupo de pessoas se estabeleceu no século 18 com vida e costumes totalmente diferentes dos outros habitantes – eram os Amish. A religião deles era a protestante e socialmente viviam isolados nas zonas rurais do estado e vizinhos. Atualmente somam milhares e não aceitam o modernismo como máquinas agrícolas, energia elétrica e alimentos que não são deles e da sua lavoura. Usam charretes com atração animal, têm escolas próprias, o que não impede que os jovens estudem fora, em universidades. Todos na comunidade vestem as mesmas roupas, com a mesma cor, para não despertar inveja. Curiosamente eles detestam chamar a atenção, e por agirem assim, se tornaram objetos da curiosidade do povo.
Os Asmish detestam fotos, falam pouco e são extremamente educados, vendem na cidade o que produzem. A comunidade tem produtos exclusivos feitos artesanalmente. Um produto faz o maior sucesso por todos os EUA – é a manteiga de maçã.

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