CALENDAS
Em 1965 acontecia em Monte Alto o surgimento de um patrimônio intelectual, fruto de uma iniciativa particular e adotado pela população, tornando o porta-voz dos que tinham opinião e não possuíam a completa liberdade de pensamento – era o Jornal “O Imparcial”. Foi impresso pela indústria gráfica COMTOL e dirigido pelo empresário Rômulo Martins e uma equipe de colaboradores e articulistas, escritores, poetas, professores, estudantes, enfim, pelas vozes das ruas da cidade. Foi um “estouro” de assinantes e leitores avulsos.
Com três meses de circulação “O Imparcial” tornou-se referência na informação local e regional. Estava consagrada a verdade e um jargão estava nas ruas “se deu no ‘O Imparcial’, era verídico”. A expressão “fake news” ainda não existia e no “O Imparcial” esse conteúdo passava ao largo da redação.
Feita a introdução, vamos relembrar alguns fatos registrados ao longo dos 59 anos de existência do nosso semanário impresso, nosso porque diretores e redatores tinham valor burocrático de primeira grandeza, porém, não de maior importância do que o leitor, o anunciante e opinião pública.
Foi em 1985 que o autor da coluna “Ócios e Negócios” ocupou um espaço na página dois do “O Imparcial” e nunca mais saiu. Os leitores abraçaram o conteúdo como cúmplices, tecendo raras críticas e profusos elogios. A expressão “deu no Rebonato” ganhou peso e raramente foi contestada. Por telefone e ao vivo nas ruas e locais de frequentação, as pessoas curiosamente queriam saber a próxima pauta e muitas vezes, na dúvida, perguntavam sobre uma personagem citada em uma matéria da última semana, principalmente alguma figura política.
Convém registrar que a coluna foi escrita depois de dois anos de nossa ousada interjeição nas páginas do jornal, com textos avulsos sobre vários assuntos, escritos sob pseudônimo que era permitido na época. Depois foi proibido o anonimato, pela velha ditadura, em todo o território nacional.
Os primeiros textos eram sigilosos pelo redator e pelo diretor do semanário. Eu escrevia e colocava o texto debaixo da porta azul da COMTOL, e torcia pela sua publicação no sábado. Nem sempre saia, nunca soube se era censura ou uma desaprovação editorial – ou para evitar comprometimento. Isso durou os dois anos citados até que o redator da época, Carlos Augusto Nunes, Guto, sem saber da prática anônima, convidou-me para escrever regularmente, data que, de comum acordo, denominamos a coluna, nome usado até hoje, na edição impressa.
As passagens ocorridas ao longo da circulação do “O Imparcial” vamos registrar ao longo futuro das edições online. Tudo continuará igual, sai a impressão e entra a moderna e tecnológica era digital. Acontecerá que o leitor tradicional migrará ao digital um pouco ressabiado e o novo leitor digital irá desfrutar das ideias inovadoras.
Uma verdade “óciasnegócias”. A digitabilidade é apenas uma técnica, o nosso conteúdo é de sempre – “cerebralmental”. Até a próxima edição, já online!