O ESTADO NEUTRO
O Estado brasileiro é laico. Em tese. Noventa por cento dos municípios nacionais têm santos e divindades católicas e cristãs como padroeiras e a maioria comemorando as respectivas datas com feriados municipais. O próprio país tem uma figura cristã como padroeira nacional, a Nossa Senhora Aparecida, mãe de Jesus Cristo, cuja data comemorativa é feriado nacional.
Natal, por exemplo, é uma data comemorada como nascimento de Cristo, não necessariamente de Jesus, dado que foi humano e Cristo, uma divindade, outra data com feriado nacional. Um feriado nacional tem como característica civil a proibição do trabalho com a mão de obra funcional pelo cidadão brasileiro, seja ele de qualquer religião, a empresa que o emprega tem como obrigação trabalhista pagá-lo para que fique em casa.
A laicidade no Brasil teve seu início na República; durante os 322 anos de colonialismo, os lusos, como fizeram com todos seus domínios coloniais, obrigaram as colônias a seguirem o cristianismo e catolicismo, uma imposição Papal, que muitas vezes ou praticamente sempre apoiou moralmente e até financiou os portugueses nas suas conquistas territoriais na América, Ásia e África, sendo condescendente com a escravidão, sendo o próprio papa proprietário de escravos.
No Império o Brasil também tinha como religião oficial o catolicismo e o cristianismo, que não são iguais, porque Cristo também é venerado fora do cristianismo. Como foi dito, a República tornou-se laica, respeitando todos os credos e fé, mesmo que não se vê oficialmente uma data nacional budista, hinduísta, islâmica e evangélica, esta em parte cristã. Fica claro que não se trata de uma imposição do Estado quanto à “preferência” do país pela fé católica, as demais religiões têm todo o direito político de participar da estrutura estatal, principalmente se o fizerem junto as forças políticas do estado. Um exemplo de participação estatal no Congresso Nacional é a bancada evangélica, que aliás, em todo mundo parlamentar apenas no Brasil existe essa história de bancada extra partidária.
DAMA NACIONAL
Depois de ler neste espaço que Marilia não é o único nome nacional de uma brasileira, o que nunca foi afirmado, Marilia é realmente o único, o leitor por telefone afirma que o maior nome é Iracema. Ledo engano, Iracema é um anagrama de América, uma criação literária de José de Alencar, enquanto Marilia, também uma criação literária poética, porém, originário de uma pessoa real, Maria Joaquina Doroteia de Seixas, a eterna Marilia de Dirceu. (A leitura do livro é imperdível). Os restos mortais de Marília estão no museu da Inconfidência.
DELAÇÃO PREMIADA
Os delatores da Inconfidência mineira foram três, o mais infame e famoso foi o Cel. Joaquim Silvério dos Reis, o segundo foi o Tenente Coronel Basílio de Brito Malheiro do Lago e finalmente, o Mestre-de-Campo Inácio Correia Pamplona. Os três morreram no ostracismo, em Portugal, em idade avançada.
PRIMEIRO IMPÉRIO
Quando D. Pedro I assumiu o trono do Império Brasileiro nomeou José Bonifácio de Andrada e Silva ministro da justiça, função importante como a de primeiro ministro, cargo que não existia. Por indicação de Bonifácio foi nomeado ministro das finanças seu irmão, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e Silva, enquanto o terceiro irmão, Martin Francisco Ribeiro de Andrada, participava do governo sem cargo, exercendo a função que estivesse disponível no ministério, conforme a necessidade do momento.
José Bonifácio liderou o governo sem que o quisesse, porque todos procuravam o ministro para qualquer assunto de estado, inclusive para criticar as atitudes inconvenientes do Imperador. Isso colocou os dois em confronto, sendo que Bonifácio foi praticamente excluído das suas funções, foi destituído e exilado. Voltou quando D. Pedro abdicou. Seus irmãos também pediram demissão.
IMPÉRIO
O Imperador D. Pedro I se envolveu com a paulista Domitilia de Castro e até a levou para o palácio como dama de honra da Princesa Leopoldina, o que deixou a corte em polvorosa e José Bonifácio admoestou publicamente o imperador.
Para vingar-se do ministro, D. Pedro concedeu a Domitila o título de Marquesa de Santos. Por que Santos se ela era paulistana? Simples. José Bonifácio e toda a família Andrada eram de Santos; com o título da marquesa ninguém mais da cidade poderia receber outro, o que impediria qualquer um dos Andradas merecer qualquer honra imperial. Com a marquesa D. Pedro teve duas filhas, ambas receberam o título de condessa. Com a irmã de Domitila, sua cunhada, o imperador teve uma filha, que recebeu o título de condessa de Goiás. (ainda teve gente que pediu a beatificação de D. Pedro depois que ele morreu em Portugal).
GERAÇÃO PRESENTE
Nos 142 anos de Monte Alto, muitas gerações se sucederam, como na fundação ninguém morava aqui, nem mesmo nativos, logo nos primeiros anos famílias se mudaram, compraram terras e iniciaram o cultivo de café, um solo fértil para a plantação do grão. Depois veio a agropecuária e assim foi diversificando.
Em 1920/30 aconteceu uma migração “sui generis! Algumas famílias vieram da capital paulista por indicação médica. a doença que mais atingia os paulistanos era a tuberculose (Bacilo de Coch) e no auxílio à cura era importante o clima.
Monte Alto tinha um clima ideal para ajudar no tratamento, para acompanhar o doente a família mudava-se para a cidade, nas terras altas da serra e ficaram radicadas como montealtenses de raiz. A segunda cidade indicada para o tratamento foi Campos do Jordão. (o governo do estado propôs a construção de um hospital especializado em Monte Alto, a política local não aceitou, a construção foi mudada para campos do Jordão – é o Manguinhos).