UMA CIDADE SONHO
Infelizmente a autonomia dos municípios brasileiros é utópica, os estados não querem cidades autossuficientes, porque se assim fosse, o estado seria colocado à margem da política participativa e a autoridade estatal seria colocada em posições de inferioridade. Enfim, governador e deputados estaduais querem que as cidades cheguem na capital batendo canequinha, como se diz na gíria, é a velha política do populismo e da troca de favores com votos e apoio partidário.
Sobre a diferença de ação política entre os municípios, alguns fatos se tornaram folclóricos com Monte Alto e as outras cidades. Em outra ocasião, neste espaço, prometi narrar alguns com o passar do tempo e das edições, devido o espaço e necessidade de abordagem de outros temas. Hoje vamos recordar um acontecimento político ocorrido em 1955, quando o Dr. Adhemar Pereira de Barros assumiu o governo do estado. Como a pretensão dele era a presidência da República, era necessária a antecipação de um apoio para tanto. O gabinete do governador montou um esquema no qual a cada semana um grupo de prefeitos de uma região seria convidado ao palácio Campos Elísios, para suas reinvindicações. Seriam comitivas como prefeito e as lideranças políticas locais. O governador ouviria o que cada cidade precisasse do estado e a atenderia com agendamento. Na vez da nossa região, dita araraquarense, o grupo foi oito cidades, entre elas Monte Alto.
Uma vez no palácio cada um era chamado ao gabinete do Dr. Adhemar e relatava suas necessidades. O governador ouvia tudo e os secretários anotavam, tudo seria sigiloso, uma cidade não saberia nada da outra. Acontece que os secretários do gabinete passaram a relatar na sala do cafezinho as curiosidades do encontro, nos dias seguintes. Foi quando Monte Alto tornou-se alvo de gozação entre os convidados do mês todo. Quando todos pediram ao governador pontes, estradas, viadutos, iluminação publica e outras melhorias de grande monta, Monte Alto fez seu pedido: a nomeação de outro subdelegado porque o atual não estava cumprindo seus deveres de policial. (a piada ganhou, originária do fato, rodou o estado).
FAKE NEWS
Na lotérica ouvi o comentário que a Petrobrás era tão rica que tinha uma cidade dela – Petrópolis. Sem ser convidado intervi: Petrópolis é a cidade de Pedro – dom Pedro I (Petro + pólis = cidade). Teresópolis cidade de Teresa – a imperatriz Tereza Cristina, esposa de dom Pedro II. Teresina no Piauí também.
COLEIRA
Os nossos bichinhos perderam a identidade, o gato e o cachorro, entre outros se tornaram PETs nas lojas de animais e no idioma nacional. Também no politicamente correto não podem ter donos, agora são adotados pelos tutores. Um país que não tem capacidade para cuidar da sua gente cria apenas regras para criar seus animais – Epa! – Pets.
Originalmente não existiu animal doméstico, todos são da floresta, local onde faziam parte da cadeia alimentar, eram presa ou predador. Então surgiu o “sapiens” que sem perguntar nada levou os bichos que mas gostava para casa e passou a chamá-los de animais domésticos. Isso posto fica o alerta: não existe animal manso, todos por instinto podem se tornar diante de circunstâncias, ferozes. O dono do cachorro, principalmente, o pitt-bull e outros parecidos, devem fazer uso da coleira ou enforcador sempre e sempre. Se uma pessoa domesticar um urso, um leão ou um tigre e alimentá-los bem, eles se tornarão mansinhos, não mordem até que lá no fundo desperta o instinto de defesa. Até o animal homem é perigoso.
FORASTEIRO
Mudou-se para Monte Alto vindo de Jundiai (SP). Fez amizade e o novo morador disse que não comia pão porque na cidade dele viu ratos passeando em duas padarias. Ingênuo perguntou se aqui também os roedores gostavam de padaria.
Não, meu caro, Monte Alto é diferente os ratos passeiam nas metalúrgicas – gostam de roer ferro.
ALGEMA
Os que ficam tempos infinitos vendo TV, usando o celular e no computador é um preso digital, não pensa, não fala, não ouve e rumina. O cérebro atrofia e o excesso de informação cria confusão mental. Se sair da prisão digital receberá uma tornozeleira eletrônica, ou seja, jamais se livrará da digitabilidade.
Não é tecnologia digital o mal que assola a modernidade, é o excesso de uso, quem lê livros o tempo todo também se imbecializa. Beber muita água envenena. Respirar oxigênio em demasia afoga. O bom senso não tem overdose.
SEM IMAGEM
Em 1971 Chico Buarque foi convidado pela TV Globo para compor músicas para concorrer no Festival Internacional da Canção. Ele aceitou e enviou para a TV, patrocinadora do evento, várias músicas, é lógico, muitas de protesto. A Globo censurou e o compositor em protesto retirou todas. A reação da Globo foi banir Chico da sua programação. Um aviso interno alertava os funcionários, que a simples menção do nome dele, seria caso de demissão por justa causa. O gelo demorou seis anos. A volta foi iniciativa pessoal do Boni.