URBANISMO UFANISTA
As cidades brasileiras disputam entre elas mesmas, quais têm de pior, as calçadas esburacadas ou as ruas com crateras, as primeiras são conhecidas como passeio público e as segundas como leito carroçavel. O passeio público é destinado à circulação de pedestres, com tolerância para cadeiras de roda e carrinho de bebê. O leito carroçavel tem como finalidade a livre circulação de veículos com duas e quatro rodas, obedecendo a mão e sinalização do trânsito e também a velocidade permitida.
A desobediência tanto em uma via como na outra é notória em praticamente todas as cidades, inclusive nas capitais, considerando que cada tal se julga dono do trânsito, instala-se o caos em qualquer esquina da vida. O motorista do veículo motorizado se sente um gladiador dentro de uma armadura, o motociclista parece que está domando um elefante, toma a frente e ultrapassa ao seu bel prazer. O ciclista posiciona como se fosse inferior sujeito ao poder dos “blindados” que tomam conta do espaço.
Não me lembro em que eleição municipal, nesta cidade do Senhor Bom Jesus, que um partido político estava montando um palanque para um comício e aproveitaram os buracos da calçada e da rua para fincar a armação de madeira com firmeza. Na fala, os candidatos mostrariam ao vivo o “esburacamento” ocasional das “instalações” definitivas do local.
SAMPARIO
As diferenças entre as duas capitais, São Paulo e Rio, são cotidianas e folclóricas. Biscoito no Rio é bolacha. Em São Paulo bolacha é biscoito. Os paulistanos chamam os lanterneiros de funileiros, no Rio os funileiros são conhecidos como lanterneiros. Os cariocas conhecem os semáforos como farol, os paulistanos dizem que os semáforos são sinais de trânsito. No Rio os encanadores são conhecidos como bombeiros, em São Paulo os encanadores sempre foram encanadores, bombeiros são os que combatem incêndios e agem em salvamentos de pessoas e animais.
Curiosamente, no Rio os encanadores, nome nacional daqueles profissionais, são chamados de bombeiros devido à posição geográfica da cidade, com muitos morros, era comum os defeitos do sistema de bombeamento de água para abastecer os consumidores residentes nos morros, como serviços de manutenção permanente pelos profissionais das bombas elevatórias.
DOCTOR EM HEMORRÓIDAS
No centro do Rio um médico alemão, especialista no tratamento de hemorroidas, instalou seu consultório. Como era eficiente, logo ganhou fama, e como arranhava o idioma português, ele atendia e na saída agradecia o cliente, que às vezes ficava preocupado com a cura, dizendo:
– Fica sossegado sucusarará!
MONS ALTUS IN MENU’S
1) Feijoada do Restaurante do Abril
2) Pastel da Pastelaria Morise
3) Conservas e Doces Menina Izildinha
4) Goiabada & Doces Colatrelli
5) Macarrão Riemma
Mons Altus IN Lenda
1) Mausoléu da Menina Izildinha
2) Aero Clube Civil de Monte Alto
3) Cines São Jorge e Guarany
4) Capela Original do São Benedito
5) Instalação Industrial da CRAI
FRASE
“Não são todas as mulheres que gostam de apanhar – só as normais” (Nelson Rodrigues, escritos e dramaturgo carioca).
NOMENCLATURA
Os nomes das ruas, avenidas e praças dos loteamentos novos são de responsabilidade dos vereadores, geralmente eles fazem um sorteio entre eles para escolher os locais dos nomes. Cada qual tem sua preferência, sempre escolhendo um nome cuja família rende votos. Feita a escolha tem aquela cerimonia característica. A família do nome homenageado, toda orgulhosa agradece o vereador pela escolha e, nas próximas eleições, vota nele, ou seja, pretende votar.
(Curiosamente nenhum vereador homenageia alguém com nome de velório, quando aparece um novo ou ampliado – cemitério também, uma frase latina basta).
EMBALO NO COLO
As comadres, quando visitam as mães de bebês recém-nascidos, pedem para segurá-lo, e para desespero da mãe, começam a balançar a criança incentivando o sono. Acontece que a pobre mãe, depois que a visita vai embora, tem que fazer a mesma coisa – balançar a criança para fazê-la dormir, às vezes por horas e de madrugada, enquanto a “amiga da onça” está em casa dormindo tranquila.
CARDÁPIO
Os restaurantes internacionais são classificados pelo nome de um pneu, o MICHELIM (Michelan). Isso surgiu na França, onde está a fábrica desse produto. Quando a fábrica resolveu fazer publicidade do seu pneu ela resolveu classificar os restaurantes com o nome Michelim, porque os clientes frequentando os locais de alimentação usavam os pneus dos carros para irem se alimentar, evidentemente gastando os pneus, então o restaurante mais frequentado, obviamente, era o melhor. Era um 5 Michelim (seria uma apologia à linhagem do hotel – 5 estrelas).