A gente se dá conta do tempo quando ele vem a findar. E quando ele termina, um novo tempo recomeça, e com ele, a passagem efêmera deste tempo.
A gente mal acorda e já está na hora de se deitar novamente. O tempo que passou foi tão rápido que não deu tempo de enxergar o nosso eu. Há mais preocupações com as pessoas que nos cercam, com o eu dos outros e com as atividades que nos ascendem, do que com este eu que em nós habita.
De que serve o tempo para quem não tem tempo? De que servem as horas para quem não as ver passar? O tempo na vida de um professor é um ser maniqueísta. Não sabemos quando ele é bom e quando é mau. A única certeza que temos da sua bondade é quando usamos o nosso tempo livre para dar conta dos inúmeros afazeres que levamos à casa.
Tempo mau! Tempo mal ou tempo mau? Às vezes nem dá tempo para pensar no certo ou errado. Agimos por impulso. Quando decidimos corrigir os erros cometidos… Foi-se o tempo. No trajeto ao trabalho, surgem reflexões e digressões sobre este tempo que não vemos passar.
E se jogássemos tudo para o alto? Será que daria tempo para apanhá-lo, já que este indivíduo é um ser maniqueísta? Não sei! Talvez só o tempo para nos responder. Quanta ironia esperar a resposta de quem não nos entende. E quando nos damos conta da sua bondade (ou maldade?), nosso espírito já está viciado pela ausência do mesmo e o nosso corpo castigado. Não há mais forças para recuperá-lo e nem sapiência para entendê-lo.
O tempo não existe na vida de um professor, mas o professor existe na vida do tempo. Este amálgama é certo para quem escolhe a profissão. Se o profissional vai continuar com esta convivência, não é o tempo que vai dizer, mas sim a alma que habita no ser. O tempo somos nós. Nós é quem somos o tempo.