O tempo é inexorável. É efêmero. Passam-se os dias, as horas, os anos. Como estamos vivendo nesta passagem de tempo? Numa sociedade saciada pelo consumo, o tempo é inimigo. O nosso trabalho nos consome espiritualmente e fisicamente que não temos tempo de avaliar o quanto das horas perdemos no dia. Horas perdidas ou horas ganhadas? Não sei. O seu tempo é que vai te responder.
Os anos, a meu ver, têm passado numa constância que não se mede. Talvez eu queira esta passagem repentina do tempo, ou estou vivendo da forma errada. Todavia, como posso viver da forma certa se preciso de tempo para sobreviver e viver nesta inconstância de mundo? A conclusão sobre o assunto é que não se questiona o que não se consegue mudar e nem se volta atrás daquilo que já passou. O conselho é: viva.
O viver é a melhor companhia do tempo. Tempo e vida são dois substantivos que deveríamos praticar constantemente. Há aqueles que vivem sem tempo e há aqueles que têm tempo para viver. Todo indivíduo que acorda pela manhã e segue uma rotina, dai graças a Deus. Há aqueles que por um infortúnio apenas vivem, porque a fragilidade física os impede de aproveitar o tempo. Mas o que é aproveitar o tempo?
O ser humano carrega lembranças de um tempo que não volta mais. Estas, na maioria das vezes, são amargas, tristes, ácidas. São momentos que não gostamos de relembrar, porque o tempo também castiga a alma. Essa dor, carregamos até que ela se cure ou vire uma cicatriz. Quando isto acontece, estamos também carregando um tempo que já passou. Lembre-se: o passado não existe mais. Quanto mais rememoramos o tempo do pretérito, mais se alimenta a dor do que já passou. Nossa alma precisa de alimentar de bons momentos, de felicidade e de alegria. Isto é aproveitar o tempo: criar memórias.
A gente precisa levar a vida com mais leveza. A tecnologia tem atrapalhado o tempo em que vivemos. Tornamo-nos escravos da procrastinação. Vivemos numa sociedade paliativa que tem medo de sentir dor. A dor faz parte do tempo. Ela quem lapida o ser humano. Não passar pela dor é viver uma vida adulta de obscuridade. Levar a vida com mais leveza é enxergar as coisas com poesia. É ver humanidade no outro. É ouvir o canto dos pássaros, o sorriso de uma criança, o barulho da chuva. É viver com leveza. Há pessoas desprovidas de tempo. Se vivem assim, são desprovidas da vida e de memórias. Que este ano seja um tempo de leveza, um tempo de alegres reminiscências.