Somos professores de um tempo onde a razão já não tem mais espaço. Somos professores que conduzem mais almas e corações do que a própria sapiência. Somos mestres de um tempo que o saber português e matemática já não são mais o suficiente. Nossas crianças gritam por dentro por outros motivos e choram outras lágrimas. Estas invisíveis e que somente um docente tem o poder de enxergar estas dores. Vivemos num tempo na qual a escola tem sido muito mais do que o educar. Já não nos pertence mais a lição de somente ensinar. Vivemos num tempo chamado agora para que o depois possa se concretizar. É nisso que temos que pensar. Nossas crianças têm procrastinado e, consequentemente, perderam o valor deste agora. Perderam a importância do estar junto e de criar memórias. Estão adeptos ao fútil e, de certa forma, somos responsáveis por isso por não mostrarmos os valores que a vida tem e os prazeres que ela proporciona.
Se ficarmos presos apenas à didática do material, o emocional morre. E quando digo que ele morre é porque não estamos conseguindo lidar com as nossas próprias emoções por estarmos presos a uma escola cartesiana. As famílias têm seguidos os mesmos passos. Ora, se existe a futilidade no viver de um aluno é porque essa mesma futilidade acontece no lar de tantas famílias. Não os culpo, porque, assim como nós professores, tivemos outra história, outro tempo e conseguimos lidar com a passagem deles. Hodiernamente, a velocidade das informações tem deixado pais e filhos presos à tecnologia. E o tempo, meu caro, é imparável. Ele passa como uma estrela cadente. Quando nos damos conta, ou estaremos rezando pela saúde de alguém hospitalizado ou derramando lágrimas dentro de um velório.
Ensinar a aproveitá-lo também faz parte do oficio do professor. Temos que mostrar aos nossos alunos que existe um mundo fora da tela de um celular e que ele é brilhante. Que existem pessoas maravilhosas, mesmo que não sejam “ youtubers”. Que existem paisagens exuberantes, cheiros e sons diversos que somente a natureza pode proporcionar. O tempo é agora; o mais tarde pode ser tarde demais.