No meu tempo ser criança
era ter tempo para brincar.
Subir em árvores, pisar na areia,
fazer comidinha de verdade
em lata de manteiga.
No meu tempo, com quinze anos
começava a adolescência.
No meu tempo, o primeiro baile
era à rigor,
sapatos de salto – brotinho,
colar de pérolas.
No meu tempo, namoro era só de olhar,
havia a arte de “flertar”.
No meu tempo, o cinema era a maior emoção.
Mãos dadas, o primeiro beijo tímido.
No meu tempo, o pai era o bicho – papão
que esperava na janela
à meia noite em ponto.
No meu tempo, era no portão que se ouvia
o tímido mas ardente “eu te amo …”
No meu tempo o vestido era rodado,
e usava-se saiote rendado.
No meu tempo era-se tirada para dançar,
e no salão dançava-se samba
de rosto colado.
No meu tempo os rapazes usavam terno
e gravata para impressionar.
No meu tempo havia romantismo
e ilusão.
No meu tempo era bom…