No Limite

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Quem já não passou por um dia daqueles em que chegamos ao limite de nossas forças e, como o dito popular, “jogamos a toalha” ou “entregamos os pontos”? Podemos entender este limite como a linha divisória entre o que é possível e o impossível, entre a tolerância e a completa falta de paciência, entre a força para continuar e o cansaço extremo de quem não consegue mais seguir em frente. Este sentimento pode surgir a partir de uma situação específica ou frente à fase que estamos passando em nossas vidas. Chegar ao limite provoca a sensação de termos esgotado completamente nossas forças, de nos encontrarmos em situações cruciais e decisivas onde o cansaço, o desânimo, a insegurança e a incapacidade tomam conta de nossos pensamentos e ações.
Existem várias formas de se chegar ao limite, podemos nos encontrar exauridos física, emocional ou mentalmente. O cansaço, o estresse, o excesso de trabalho, o conflito diário dentro de relacionamentos familiares ou amorosos, a decepção, a frustração e a dor – várias situações nos levam próximo do que podemos agüentar, do que podemos dar conta e, muitas vezes, podem até desencadear doenças graves.
Existe também o limite patológico que acontece quando a história de vida de um indivíduo, o meio e as condições em que vive favorecem o desenvolvimento de uma personalidade desestruturada e de doenças psíquicas que podem levar a alterações de comportamento e do discernimento do que pode e deve ser feito.
O que vivemos muito hoje é justamente a intolerância à nossa dor, a intolerância às nossas frustrações e às nossas perdas. Nosso limite está perto demais. Trabalhamos demais, cansamos demais e cuidamos pouco de nós mesmos. Deixamos de nos respeitar e de respeitar nosso próximo.
As situações de violência e descontrole que vemos e vivenciamos em nosso cotidiano e que estão presente em todos os lugares, também são um sintoma deste “limite” e desta intolerância. Até mesmo as crianças já sofrem com esta situação sendo tanto vítimas dos adultos quanto já aprendendo a praticar ações agressivas e intolerantes dentro de seus próprios grupos.
Como muitos defendem, uma grande parte da solução de todos estes problemas está na educação de nossas crianças, no ensino não da aprendizagem formal, mas dos princípios básicos de convívio, respeito, tolerância, autoconhecimento e limites – o nosso próprio e o do outro.
Mas, principalmente, a educação através de exemplos e atitudes. O comportamento prático do adulto é que dá referências e modelos para o que as crianças irão fazer e que tipo de pessoas irão se tornar. Refletir sobre nossas atitudes e aprender a encontrar o equilíbrio em nossas ações deve ser um compromisso de todos – da sociedade enquanto grupo e de cada um de nós.

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