Não matarás

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Na semana passada, um rapaz foi morto a facadas dentro de seu apartamento, num bairro pacato de Mogi Guaçu. O caso causou comoção. Seja em cidades pequenas ou nos grandes centros, onde as pessoas acabam se acostumando com toda espécie de violência, um homicídio é algo que sempre choca. Não gostamos de ver nossos semelhantes serem assassinados, mesmo em se tratando de pessoas que nos sejam totalmente desconhecidas. Independente de quem seja ou de qual seja a índole da pessoa morta pelas mãos de outra, é horrível reconhecer que temos essa hedionda capacidade de matar. Seria melhor se o Criador não nos tivesse dado essa prerrogativa.
Não imagino como fique a cabeça, os sentimentos e a consciência de uma pessoa que tira a vida de outra, mas, não deve ficar bem. Mesmo que aparentemente não se arrependam, mesmo em casos de latrocínio, de brigas entre facções criminosas, de matadores de aluguel ou de policiais que se veem na contingência de ter de matar no cumprimento de suas funções, alguma coisa terrível deve acontecer dentro de quem mata. Algo que o acompanha quando está sozinho, quando vai dormir, quando acorda no meio da noite. Sejam quais forem os motivos de um homicida e ainda que um bom advogado consiga a sua absolvição, aquele que mata deixa de estar livre porque, mesmo que não vá para a prisão, carregará para sempre uma prisão dentro de si.
Uma pessoa normal, sensata, cônscia de seus direitos e deveres, não pode ser a favor do homicídio. No entanto, muitas dessas pessoas sensatas, equilibradas, inteligentes, cultas, bem-educadas, gentis e defensoras dos direitos humanos – e muitas também dos direitos dos animais – acabam escorregando numa ladeira sutil que joga abaixo todo o respeito que demonstram ter pela vida ao se posicionarem favoráveis à legalização do aborto.
Este é um tema espinhoso que muitos preferem nem mencionar, enquanto outros se inflamam ao defender a nefasta prática em nome dos direitos e da dignidade da mulher. Poderia escrever páginas e mais páginas sobre as opiniões e justificativas pró e contra o aborto, mas, isso seria fomentar uma discussão filosófica e não é esta a minha intenção. Vou mencionar apenas a contraditória posição das pessoas que se dizem contra o aborto, mas a favor da sua descriminalização, o que, em tese, não difere muito de ser a favor da sua legalização.
Ser favorável à legalização não significa que se vai praticar ou incentivar o aborto, mas que se vai conviver sem nenhum problema com a normalização do pior tipo de assassinato que pode ser praticado, visto atingir um ser totalmente indefeso. A maioria dos pais fica junto dos filhos conversando, cantando ou contando histórias até que eles adormeçam e, durante à noite, acordam ao menor barulho e correm verificar se está tudo bem com suas crianças. Ninguém imagina um pai ou uma mãe ficando ao lado do filho até ele dormir, saindo do quarto e voltando em seguida com uma faca, uma tesoura ou um revólver e matando o seu rebento. Mas, é isso que é feito quando se pratica um aborto.
A maioria dos defensores dessa prática afirmam que as mulheres têm direito de decidir sobre os seus corpos, sobre serem ou não mães e alegam que o ônus da maternidade pesa quase que completamente sobre a mulher, o que, de fato, é verdade. Concordo que a mulher é o lado frágil dessa equação e, muitas vezes, é abandonada com seu ventre grávido e tem de arcar com todas as consequências disso: físicas, materiais, emocionais, morais, sociais, familiares. Porém, a liberdade dela não começa no momento em que se vê grávida, começa antes, quando ela decide pelos atos que poderão ter como consequência uma gravidez. Pode-se alegar que há os casos de estupro e, realmente, os há, mas, os casos de gravidez por estupro são mínimos dentro do universo das mulheres que abortam.
Será ético e humano termos uma opinião “descolada” para nos sentirmos politicamente corretos e participativos da evolução da sociedade defendendo a legalização do aborto? Sabemos que, na prática, mesmo que o aborto seja considerado crime em nosso código penal, que prevê de um a três anos de detenção para a praticante, dificilmente as mulheres que abortam são indiciadas e punidas. Há também a alegação da questão de saúde pública, já que muitas mulheres morrem por fazer abortos na clandestinidade, em lugares sem higiene e sem condições de prestar o devido atendimento. A mulher que opta por fazer um aborto sabe dos riscos que corre e defender clínicas limpas e higiênicas para que elas matem seus filhos é o mesmo que oferecer condições seguras para qualquer assassino cometer seus crimes.
Ainda que não sejam punidas, que mantenham seu ato em segredo ou que levantem bandeiras pelo direito de decidir matar, há uma criminalização dentro da própria criatura. Uma mulher que faz um aborto, seja tomando remédios, seja com a aborteira de fundo de quintal, seja na clínica clandestina ou no mais refinado consultório médico, atrai uma condenação para si mesma. Ela tira o filho do seu útero, mas ele lhe sobe para a consciência. Podem-se passar cinquenta, sessenta, setenta anos, essa marca não sai mais e depoimentos a respeito disso podem-se colher aos montes por aí. Um aborto detona o emocional e, não raro, até a saúde mental de uma mulher, sem falar no risco de morte e de esterilidade a que ela se submete.
Muitos veem a legalização do aborto como sinônimo de evolução. Não é. Nosso mundo está muito longe de ser um mundo evoluído. Na minha tacanha concepção, um mundo evoluído é aquele habitado por pessoas que sequer cogitam a hipótese de matar. Quiçá um dia atinjamos esse patamar, um patamar em que todos os filhos, mesmo aqueles que ainda estão a caminho, possam confiar totalmente em suas mães.

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