A escola, o professor e principalmente a família não podem se prender, hodiernamente, apenas ao conteúdo. Creio, na minha sublime consciência, que trabalhar apenas o livro didático já não tem tanta importância neste tempo em que vivemos. É preciso falar sobre a humanidade, a sensibilidade, sobre o eu e sobre a sociedade em que vivemos. É preciso questionar sempre que tipo de filho estamos criando e que tipo de aluno estamos educando. O mundo tem se transformado numa rapidez tão grande que já não refletimos mais sobre os indivíduos que farão parte da nossa sociedade futura. Precisamos, acima de tudo, mostrar que o mundo é diferente da realidade das telas, dos filtros e que o ego não é alimento para ninguém. Vejo as salas de aula se tornando apáticas, enfadonhas e distantes da realidade de uma verdadeira escola. Nossos filhos estão presos à utopia. Culpa nossa que não mostramos o mundo real, não chocamos e nem damos o tempo de qualidade que precisam para explanar sobre o assunto. Não estamos dando a autonomia e estamos blindando muito mais do que o necessário.
Vejo uma juventude perdida em si mesma e abastada de problemas psicológicos, ansiosos e depressivos. Talvez eu seja um crítico caloroso às tecnologias que procrastinam nossos filhos. E sou! Não as vejo apenas com bons olhos. Os próprios criadores vêm nos alertando sobre os perigos das redes. E tento, silenciosamente, alertar os nossos filhos sobre estes perigos eminentes para a saúde mental do indivíduo. A escola, a família e o professor são uma tríade fundamental para a diminuição destes riscos.
Deve-se, portanto, analisar muito além dos conteúdos. Infelizmente, temos uma geração fraca; sabe questionar, mas não possuem resiliência. Sabem dos seus direitos, mas não tem controle emocional. Não os culpo. A culpa toda é da modernidade que vem enterrando o intelecto, a convivência social e a cada dia que passa está fazendo os nossos filhos se isolarem. É preciso desintoxicar. Desintoxicação digital. É preciso embriagar-se da realidade e do verdadeiro significado da vida: viver. As pessoas não estão vivendo; estão fazendo peso na terra e consumindo o que os homens que aqui habitam produzem para encurtar a nossa vivência. Feliz aquele que vive o mundo concreto, não o digital.
É preciso falar sobre a vida na sala de aula. Embora seja gerações diferentes, temos muito a ensinar aos nossos alunos sobre o que realmente importa e o que é fútil. Sozinhos, eles não conseguem. É preciso falar sobre o amor, o medo, o perdão e a importância de se acreditar em algo e sobre a sensibilidade que move os instintos de uma alma solidária.