José Luís Tenório: a saga de um nordestino
Peço licença aos poetas nordestinos, Patativa do Assaré e Luiz Gonzaga, para iniciar esta coluna contando a história de um grande homem: “Setembro passou, outubro e novembro, já estamos em dezembro, meu Deus, o que é de nós? Assim fala o pobre, do seco Nordeste, com medo da peste, da fome feroz”.
José Luis Tenório, filho de José Lucas Tenório e Rosa Maria dos Santos Tenório, nasceu no dia 06/08/1943, na cidade de Santana do Mundaú/AL. Teve 33 irmãos. Casou-se com Maria Ozana no ano de 08/11/1965. Da união nasceram 11 filhos: José, Marines (in memorian), Ednaldo, Wilson, Francisco, José Quitério, Giovani, José Tenório, Marilene, Maria Lúcia e Katia, além de netos e bisnetos.
PRIMEIRO EMPREGO – “Comecei a trabalhar com 6 anos de idade, em Santana do Mundaú (AL), na roça, com meu pai, com uma espécie de mini enxada. Vim para Monte Alto no ano de 1970, por conta dos meus amigos, que foram pioneiros, saindo de Santana do Mundaú para Monte Alto. Quando aqui cheguei, já existia a Indolma, a Lanfredi, a CICA, a Borracha, só que eu resolvi trabalhar na roça”.
O começo da partida – “Certa vez, um amigo me disse que existia uma cidade pequena, no estado de São Paulo, chamada Monte Alto, porém, embora não fosse tão grande, tinha muito trabalho e tinha um povo muito bom. Chegaram pessoas como Arlindo Jorge e Mané Jorge (in memorian). Aí, juntei minha mala e vim para cá. Trabalhei em vários lugares, no Barreiro, Tabarana, Água limpa. Depois de quase dois anos, voltei para Alagoas, lá em Mundaú, e fui buscar os meus filhos, que na época já eram sete, e voltei”.
Tempos Difíceis – “Quando retornei a Monte Alto em 1984, com meus sete filhos, confesso que, ao desembarcar na rodoviária, fiquei um pouco preocupado, mas tinha a certeza da minha luta, coragem e que eu não deixaria ninguém sofrer. Fui trabalhar na fazenda, da dona Nê, (do Rossi) lá no Morrinho de Santa Luzia. Trabalhei muito, só na roça, foram quase 30 anos, mas a maioria das vezes, trabalhei sempre como pedreiro, depois entrei na prefeitura, na época quando o Dr. José Rodrigues era prefeito. Aquele homem me ajudou muito, para mim ele foi um pai e deixou saudades e grandes recordações; que Deus o tenha em um bom lugar, pois ele era muito bom. Lembro-me também da Dona Nega Sparano e do tio Frank, que me ajudaram muito”.
O Orgulho – “Tenho muito orgulho dos meus filhos, todos eles são trabalhadores, nunca se envolveram com nada errado. Tenho meu filho Tenorinho, que é construtor, já construiu várias casas em Monte Alto, e continua construindo; hoje ele é pastor, a mulher dele também, um homem muito respeitado. A Maria Lúcia, que tem sua própria firma, e todos eles, sem distinção, são trabalhadores honestos”.
A reciclagem – Perguntado como chegou à reciclagem em sua vida, Tenório respondeu: “Foi assim Alencar… Um dia meu filho Wilson, que é conhecido como Grilo, chegou para mim e disse: Pai, eu descobri um negócio que é bom pra nós ganharmos dinheiro. Ai eu perguntei-lhe o que era, e ele me disse que era o trabalho de reciclagem, que consistia em recolher garrafas pet, papelão, todo material que não seja lixo, e naquela época, não tinha tantas pessoas fazendo isso como tem hoje. Minha mulher também trabalha muito, doente, mas trabalha”.
Saudades – “Sinto saudades da minha juventude em Santana do Mundaú, da Igreja Santa Ana, onde me casei, dos meus pais, dos meus amigos, de toda minha família, da gruta do Jassa, da Xiringa, daquelas lindas cachoeiras, onde tem a casa de força, que leva luz para as correntes de Pernambuco, do Rio Mundaú, onde pescava, nadava, do Rio Mirim”.
Povo Nordestino – “Quero aqui falar, que o povo nordestino, foi um povo trabalhador, que ergueu a cidade de São Paulo, que é a principal capital do País, ela foi feita por mãos de nordestinos. Como aqui em Monte Alto, muita coisa foi feita por nós, nordestinos”. (Observação deste colunista: A Santa Casa de Misericórdia de Monte Alto foi idealizada e construída pelo nordestino Raul da Rocha Medeiros).
Cidade abençoada – José Tenório fez questão de dizer que Monte Alto é uma cidade abençoada por Deus, pois apesar de todos os problemas de crise que existe no País, aqui ainda se vive muito bem. “Aqui é uma cidade abençoada por Deus, sou grato por todas as pessoas que aqui vivem”.
Mensagem – “Jovens batalhem por um bom trabalho, lutem na vida e se afastem das drogas, das coisas erradas que acontecem. Quero que Deus os abençoe para serem pessoas de bem, sempre trabalhando com honestidade e amor ao próximo”.