Valter Lapola: a sublime missão de um revisteiro
Valter Lapola, nasceu no dia 25/12/1934, na cidade de Monte Azul Paulista – SP. Filho de Miguel Lapola e Luiza Moreira Lapola, tem quatro irmãos: Valdemar, Miguel, Valdir e Vera Lúcia (os três últimos, in memorian). Casou-se com Laurinda de Jesus Matheus, no ano de 1956. O casal tem oito filhos: Maria Aparecida, Valter, Eusébia, Miguel, Eliana, Edineia, André e Isabel.
Primeiro emprego – Trabalhou no ramo de sacaria, na cidade de Bebedouro. Em seguida, começou a vender revistas na Estrada de Ferro que ligava Bebedouro a Icem, Nova Granada, Rincão, Barretos e Monte Alto.
A História com Monte Alto – “No ano de 1.953, comecei a vir para Monte Alto vender as revistas; eu trabalhava na Editora Abril. Pegava o trem em Bebedouro, descia em Ibitirama; de Ibitirama, pegava outro trem para a cidade de Monte Alto. Trazia todos os pacotes nas costas, e ia batendo de porta em porta. Lembro-me que na época eu era o único vendedor deste segmento na cidade, que era muito pequena; praticamente, a cidade tinha apenas as três ruas principais, Nhonhô Livramento, Dr. Raul da Rocha Medeiros e a Jeremias de Paula Eduardo. Entre meus clientes, lembro-me bem do Dr. Ulisses de Paula Eduardo, José Pizarro, Dr. Mazza, Fioravante Canalli, Dr. José Rodrigues, Elias Bahdur, entre outros… mas, eu quero deixar registrado aqui um cliente que foi especial para mim, o Dr. Grellet, que morava ali na Praça Central, em frente onde hoje é o Fórum. Recordo-me que quase todos os dias, por volta da hora do almoço, ele sabia que eu tinha poucos recursos e trabalhava muito e quando eu chegava perto da casa dele, ele já vinha e me chamava para entrar e almoçar; era uma pessoa muito especial. Lembro-me dele com muita saudade. Lembro também da Dona Helena Matsumura, que sabia da minha dificuldade. Quando estava trabalhando na festa ela me trazia um lanche e um suco”.
As históricas vendas nas Festas de Agosto – Seu Valter faz questão de frisar a história de sua vida como vendedor de revistas, livros e jornais pontuando as inesquecíveis Festas de Agosto dos anos 50 e começo de 60. “Olha Alencar, eu chegava na calçada da Festa que era aqui no Centro e estendia minhas revistas e ali permanecia por toda noite. Não ia dormir, mesmo porquê naquele tempo, na festa, tinha gente a noite inteira. Lembro-me que passei muito frio, muito… naqueles tempos havia noites de frios incomparáveis, mas eu precisava trabalhar e vender meu produto”.
As mais vendidas – Perguntado por este colunista, quais eram as revistas mais vendidas da época ele respondeu que eram a Cruzeiro, a Grande Hotel, revistas das moças, a Fonfon, Vida Doméstica, Seleções e a Revista do Rádio, porque esta última trazia histórias em quadrinhos, fotos dos artistas das rádios, comentário sobre as novelas… Exemplo: “Uma Escada Para o Céu”, “Jerônimo”, “O Direito de Nascer”. Naquela época, o povo acompanhava mais o rádio, quase não existia televisão. Fiz esse trabalho durante 20 anos, depois recebi uma proposta da Editora para mudar para Monte Alto. Foi então que no ano de 1.976, vim morar aqui definitivamente”.
Monte Alto – “Em 1.976, quando aqui me estabeleci, abri uma lojinha ao lado do Joaquim Bacalhau, e deixava minha esposa tomando conta da loja e ia nas casas vender e fazer entregas. Continuei no ramo por mais 12 anos. Depois de ter trabalhado 32 anos me aposentei e passei a colaborar com um Albergue que tinha aqui na cidade, durante dois anos. Daí o Albergue fechou, pois tinha muita despesa e não estava conseguindo se manter, porém, era um trabalho muito importante principalmente, com os andarilhos que muitas vezes na noite não tinham onde ficar; acho que até hoje o Albergue faz falta. Em seguida, por ser da religião, passei a trabalhar na União Espírita, que eu já frequentava. Lá eu trabalho na livraria, atendo as pessoas que procuram a entidade, dou as informações necessárias, além de trabalhar na biblioteca. O trabalho voluntário feito lá para ajudar as pessoas carentes, que também envolve um lado espiritual, é muito gratificante, me sinto realizado como ser humano”.
O espiritismo e o conhecimento – “Eu era católico, não tinha conhecimento nenhum do espiritismo. Num certo dia, um amigo muito querido, me deu um livro para ler, foi uma coisa fascinante. Encontrei-me religiosamente e com certeza ficarei até o fim de minha vida, porém, respeito todas as religiões”.
Lembranças – “Eu lembro muito bem, nos anos 50, de uma mangueira grande que tinha em frente a escola Dr. Raul, onde os taxistas faziam seus pontos, e proporcionava uma enorme sombra, além do coqueiro, aliás muito alto, que embora fosse fininho, chamava atenção pela sua beleza; ele ficava em frente a casa do Dr. Frascá. Lembro também dos pontos de charrete que ficavam ali na praça, no qual as pessoas alugavam para seus compromissos. A Delegacia de Polícia era aqui do lado do Posto do Massoud”.
Mensagem – “Que os jovens procurem ter uma religião e não se afastar dela. Respeitem os pais, os professores, os amigos, que tenham amor ao próximo, seguindo sempre o caminho do bem; trabalhem com determinação e honestidade”.