Suponhamos que vocês, queridos pais, na época da escola causavam o terror. Chegavam atrasados, não faziam a lição, enforcavam as aulas, brigavam na hora da saída, pegavam o lanche do cara mais “nerd” da sala e não respeitavam o professor. Tudo aquilo que vocês foram um dia é algo que não gostariam que o seu filho se tornasse hoje. Mas, num determinado momento, surge a curiosidade do vosso filho saber como eram vocês na época da escola. Vocês simplesmente começam a narrar estes fatos escolares com o peito estufado e cheios de orgulho. Posteriormente, vosso filho conta todas as peripécias que fizeram ao professor. Qual seria a nossa atitude numa situação desta? Indignação. Não se encha de orgulho em dizer à criança das suas mixórdias quando ainda estudava. Se quiser que ela continue bem na escola, oculte o seu passado negro dando exemplos e não citando o mau exemplo que foste um dia. Ficar contando das coisas erradas que fizeste não acrescenta nada na vida escolar do vosso filho. Faça com que ele reflita sobre as situações e não que as tome como exemplo. Com que moral você iria cobrar disciplina se chegasse alguma reclamação da escola? Nenhuma moral. Ele simplesmente vai argumentar “Ora pai (mãe), você fazia coisas piores”. Vai te deixar sem chão e sem saber o que dizer quando ouvir esta declaração. O exemplo vem sim de casa. Isso reflete na sala de aula. O aluno quando não é cobrado em casa pelas suas responsabilidades, o pacto se quebra. Aquele pacto que família e escola têm de caminhar juntas que, a meu ver, vem se quebrando constantemente. Deixa o pretérito para trás. Pense no presente, mas se referindo ao futuro. Se quiser citar suas balburdias, cite para que ele reflita sobre os acontecimentos e aprenda com os seus erros. Não há nada de engraçado ser um ex-aluno indisciplinado e não será nada engraçado que o seu filho se torne um. Enriqueça seu diálogo com sabedoria e lições de vida. Deixe um pouco o seu celular de lado. Converse sobre política, amores, esporte e cultura. Não perca seu tempo com futilidade e mau exemplo. Seja mais presente para que ele cresça inspirado em você. Parece que não, mas ele segue o vosso passo. Ele tenta fazer igual. Não deixe que o espelho se quebre com atitudes e exemplos errôneos. Nós, professores, percebemos essa falta de afetividade do aluno. Tentamos ser o mais amigo possível tampando a falha familiar. De exemplos bons. Se forem citar os maus, leve-o à reflexão.